O lenço

Num é que nóis qué... Má as veiz contece dá gente num gostar de arguém.As veiz o sangue num topa..num bate...num dá pra roçá manga junto...má a gente deixa pra lá...má quando faiz muito má pra gente e pros nosso catarrentinho,antão o peito sangra..e os zói lacrimeja.

Mas odeiar,num é bão não..doece a gente.

Quando ocê odeia arguém,tem mágoa...é como se ocê tivesse vestido a mió roupa de domingo,ir pro terço,sentá no banco e duma hora pra outra ,arguém passsa má do seu lado e provoca no cê...vumita no cê...Ave Maria...Jesus..Mas antão vc pega seu lenço novinho..cheirosinho...o mió que ocê tinha... e limpa aquela sujeira toda..Vai aguentado o terço caladinho...ouvino o padre...mas quando chega em casa.. guarda ...guarda o lenço dentro do alforge.

Passa tempo..tempo e ocê sempre lembrando...toda veiz que chega arguém,um cumpadre..uma cumadre.. na sua casa,ocê conta o causo e amostra o que conteceu..e cada veiz que mostra tá mais fedido e fedido,dá nojo...cheinho de bicho...Jesus...

O caboclo ou cabocla que provocou no cê ,tá nem lembrando docê mais...mas ocê continua a guardar a sujeira.Insiste em alembrar..

Passa ano e ano e cada veiz ,fica mais fedido..e fedido..e fedido.Chega numa hora que a casa sua todinha tá fedida e ocê tombém...má a casa de quem te provocou tá arvinha..limpinha...

Chega a hora de lavá o lenço,limpar o alforge,e princeparmente lavá a gente mermo.E vortá a ficá arvinho..limpinho...

Daniel Bode
Enviado por Daniel Bode em 30/10/2019
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