Chuva diferente

ERA mecânico do DNOCS, sabia tudo sobre motores. Foi uma das maiores figuras humanas de Arcoverde, a famosa Porta do Sertão pernambucano, embora não fosse arcoverdense, nascera em Floresta dos Navios. Seu nome: Helvécio Nino, pai dentre outros filhos da atriz da Globo, Ilva Nino. Era tio da minha mãe, meu tio segundo. Tio Helvécio, além de uma cachacinha de leve, gostava de contar ma mentiras fora de serie, mas só para se divertir, contava uma e ia rir de quem acreditou mais adiante. Mentia para se divertir. Juro. Há um baú dessas cabeludas, mas vou contar apenas a de mais sucesso.

Uma noite de chuva braba, chuva, relâmpago, trovões..., algumas pessoas estavam tomando umas e outras no famoso Bar de Seu Noé, em Arcoverde. Havia três viajantes de fora(de laboratórios e empresas de tecidos), outros fregueses e meu tio. Em dado momento, claro, começaram a falar sobre chuvas. Um dos viajantes disse que a maior chuva que vira durara 24 horas sem parar e destruiu quase toda a cidade. Outro afirmou que viu uma chuva de gelo que destruiu o telhado de mais de duzentas casas. E o terceiro afirmou que vira a uma chuva que quase acaba o Rio São Francisco. O dono do bar, um cara muito gozador, pediu ao meu tio: - Helvécio qual foi a maior chuva que tu viu? Ele tomou a lapadinha, fez a careta de praxe e mandou ver:

- A maior chuva que eu vi foi uma de feijão em Floresta. Pssamos mais de dois anos sem comprar feijão.

A chuva passou e o bar fechou. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 31/01/2020
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