As Sete Porteiras

Era noite de sexta feira

Lá nos confins do sertão

Eu voltava pra minha casa

Mas muita coisa macabra

Me seguiu na escuridão

Já na primeira porteira

Algo estranho aconteceu

Ao passar pra outro lado

Senti um vento gelado

Minha perna amoleceu

Este vento é traiçoeiro

Coisa boa não trazia

Como veio de repente

Algo de estranho eu sentia

A noite estava nublada

Estrada de puro chão

Eu caminhava em passos longos

Com uma lanterna na mão

Logo à frente não demora

Um cruzamento ia passar

Ao longe uma vela acesa

O que causou estranheza

Por que lá parou de ventar

Quando fui me aproximando

O que vi me assustou

Galinha preta sem cabeça

A vela acesa apagou

Um galho no mato se quebra

Vejo um vulto balançando

Logo ouço um assobio

Parecia estar chamando

A escuridão tomou conta

A lanterna apagou

Um relincho de cavalo

Do seu casco os estalos

Isto me apavorou

Parecia um pesadelo

A solução era rezar

Deve ser a tentação

Que veio pra me testar

A cada porteira que eu passava

Do alto vinha um clarão

Uma luz que iluminava

Onde eu ia por a mão

A madrugada foi longa

Parecia não terminar

Esta luz seguiu os meus passos

Até o dia clarear

E quando raiou o dia

Foi o fim da agonia

Mesmo assim eu fui rezando

Em passos largos matutando

Tinha muito pra contar

Enfim a última porteira

Entre árvores avistei

O meu povo assustado

Por onde teria andado

Até que enfim eu cheguei

No terreiro desta casa

Faço aqui uma confissão

Passei uma noite terrível

Fui provado por tentação

A DEUS PAI eu agradeço

Por dar forças e proteção

Nos momentos mais difíceis

Segurou as minhas mãos...

João Luis de Oliveira
Enviado por João Luis de Oliveira em 02/02/2020
Código do texto: T6856749
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