DOIS ESTRANHOS NO NINHO ( Os encontros e desencontros da minha Vida)

Hoje, sexta-feira, mais um dia normal e corrido como os demais.

Um pouco diferente, pelo simples fato de estar iniciando o Carnaval na cidade.

Cheguei ao Aeroporto Internacional do Rio por volta das 14h, atrasada e preocupada com a possibilidade de não conseguir pegar meu novo passaporte e não conseguir ir para a Europa, na próxima segunda-feira. A data para a entrega do mesmo era dia 06. Eu embarcava dia 03.

E hoje dia 28 de fevereiro, estou aqui com a passagem em mãos tentando modificar essa situação. Viagem às pressas, por um motivo sobre o qual não tive ao menos tempo para me programar, em literalmente, nada.

Nada mesmo!

Conversei com o taxista e pedi a ele, que retornasse em mais ou menos uma hora, para me levar novamente ao meu destino.

Sentei na praça de alimentação. Pedi um mini sanduíche e um mate.

Virei-me levemente ao lado esquerdo próximo à entrada do restaurante.

Eis que com tamanha força e magnetismo meu pescoço vira totalmente em diagonal e não consigo mais me movimentar. Uma sensação estranha, uma espécie de “Deja vù” misturada com mistério, algo nunca antes experimentado.

Durante alguns segundos, senti a presença de alguém muito familiar.

O tempo parou, congelou!

Mas ao mesmo tempo, tinha a absoluta certeza que nunca havia visto na vida, nem mais gordo, nem mais magro.

Fiquei imóvel, como se fosse uma estátua, sentindo seu cheiro como se fosse uma brisa e comecei a repará-lo.

O rapaz misterioso estava usando uma blusa social slim e uma calça jeans escura um pouco apertada também. Pude reparar seus cabelos castanhos médio (nem claro, nem escuro) e parecia ter uma estatura média para baixo. Ele tinha braços torneados, mas sem ser muito musculosos, sabe?!

Quando ele virou para sentar-se à mesa em frente a minha, consegui ver um pouco do seu perfil, olhos castanhos esverdeados, e uma mecha branca em cima do seu topete. Super moderninho e estiloso!

Apesar de usar óculos, tinha olhos incríveis. E seu cabelo era algo extremamente charmoso, seus lábios e sorriso, isso sim, era algo encantador.

Durante alguns minutos ininterruptos, não consegui parar de olhar e mirá-lo.

Estava com outros dois amigos, conhecidos, parentes, não fazia a menor importância.

O mais engraçado foi que ele estava de costas para mim, mas numa imensa proximidade, aliás, menos de um metro, creio eu.

Mas o sentia como se estivesse de mãos dadas comigo, ou, literalmente abraçados, entrelaçados. Parecia que tinha um ímã naquela mesa.

Chamei o garçom e pedi dois chopes.

Dois! Pois precisava tomar os dois ao mesmo tempo.

Não estava conseguindo me segurar com aquela força sobrenatural ao meu lado.

A bebida chegou e continuei bebendo.

Aliás, ele não trouxe os dois simultaneamente, apesar do meu pedido. Menos mal!

Um fato inusitado ocorreu, consegui me aproximar de uma maneira muito sutil, muito gentil e começamos a conversar. Ele convidou-me para me sentar com eles.

Sentei-me e ali ficamos por mais ou menos uns 40 minutos. Foi então que seus amigos (conhecidos) levantaram-se e despediram-se (não lembro em que momento exatamente).

Ele, de perto, era ainda mais incrível, tinha um olhar penetrante e uma lasquinha ao lado esquerdo de seu dente superior, aumentando ainda mais seu charme.

Ele era isentos de pêlos, nos braços, zero pêlos!

Será que ele depilava? Sua sobrancelha e cílios eram desenhados, parecia que acabara de sair do salão. Acho se eu dormisse com ele algum dia, ele acordaria todo arrumadinho, sabe? Nem descabelado ficaria.

E de perto, estava muito perfumado e era muito, mas muito, muito, muito mais sexy ainda.

Sem dúvidas o homem mais exuberante e charmoso que havia visto em todo a minha vida! Todos esses galãs de cinema e atores de novelas, dos quais já esbarrei com alguns, eram bonitos, mas sem o brilho nem essa luz que estava ali, ao meu lado.

Nesse pouco tempo, o que mais me cativou era sua simplicidade e humildade.

Ele estava atrasado para o embarque e eu para o horário com a receita federal.

Ele se ofereceu para me acompanhar. Chegando perto do local onde eu me dirigia, ao invés de entrarmos, ele me puxou, em um corredor estreito que tinha ali, quase na entrada da porta.

Me pegou pelos braços e ficou me admirando. Ele mal falara, não com a boca, não precisava emitir nenhum som para que eu entendesse cada pensamento dele.

Meu coração disparou! Minhas pernas ficaram bambas e eu comecei a suar frio. Minha pressão parecia que tinha caído ou subido não sei. Parecia que eu ia desmaiar.

E nesse meio tempo, não sei como, nem quando, nem de que maneira, quando parecia que ia perder minha consciência, nossos lábios se encontraram.

Perdi o táxi!

Trocamos números, e-mails e começamos a nos corresponder.

Assim que retornei de viagem, 15 dias depois, foi nosso primeiro reencontro.

Ele morava muito longe, do outro lado do país!

E por motivos de força maior e do destino, pudemos nos encontrar apenas, dois finais de semanas seguidos.

No primeiro, conseguimos nos ver numa sexta-feira.

Ele marcou de vir me buscar e em pouco tempo, pude descobrir que não era depilação e sim genética e de fato, realmente, ele acordava muito gato, como se tivesse acabado de sair do salão.

Os ponteiros do relógio corriam depressa demais.

Mas tínhamos que aproveitar aquela ocasião da melhor maneira possível, fazendo a contagem regressiva daqueles segundos.

Nós tentamos.

Ele cozinhou para mim, nunca ninguém tinha feito isso!

Fomos à praia, a piscina, mergulhamos em uma jaccuzzi, namoramos na sauna. Saímos para comer fora e para dançar.

Mas o tempo não estava ao nosso favor. Estávamos com tanta pressa, que voltávamos sempre, muito rápido.

Assistimos a alguns filmes e a programas de TV.

E ele transitava pela casa, aliás pelo quarto do flat, desfilava com uma sunga branca, transparente, de um lado para o outro.

Acho que tinha que proibir a venda de sungas assim, sabia?

Nesse meio tempo, a gente se curtia, se abraçava, trocava carinhos, como se nos conhecêssemos há anos, muitos anos. Parecíamos um casal convencional.

Que já fazíamos parte um, da rotina, do outro.

Muita afinidade. Muita intimidade. Muita intensidade!

Geralmente, acontece o oposto! Mas eu sua maioria, se formos parar para pensar, pessoas com quem casamos, convivemos há anos, mas parecem dois estranhos no ninho quando estão juntos. São incapazes de conhecerem as preferências, de ter a delicadeza de agradar e descobrir os gostos, nem sabores, muito menos as cores da vida do digamos assim, seu parceiro.

E nessa sintonia pudemos vivenciar os cinco dias, as 120 horas, os milésimos de segundo, mais incríveis de nossas vidas!

Quanto tempo, dias, horas, minutos, segundos, precisamos para sentirmos a sensação de estarmos felizes?

Serei Eu
Enviado por Serei Eu em 26/07/2020
Reeditado em 28/07/2020
Código do texto: T7017646
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.