A PROPOSTA DO IRMÃO DELE - PARTE I

A PROPOSTA DO IRMÃO DELE - PARTE I

(Os encontros e desencontros da minha vida)

Carnaval na cidade maravilhosa!

Eu tinha acabado de ficar solteira! Todas as minhas amigas ficaram muito felizes com essa notícia.

Mas eu, não! Até poderia, mas não estava!

Só queria fugir, me esconder de tudo e de todos!

Tinha terminado um relacionamento muito ruim e emocionalmente abusivo em minha vida. Daqueles que você perde a identidade, a essência, o seu nome e até o que te motivava a sorrir, entende?!

Fui ao fundo do poço e voltei.

Estava aliviada claro. Mas não estava em estado de comemoração.

Não estava na onda de curtição, quem dirá, de pegação!

Por mim, teria ficado trancada em casa todos os dias, na minha, mais quietinha! Milagres acontecem!!! E de fato eu estava mais nessa "vibe’’ mesmo! De não ficar no meio de tumulto, nem de correria, nem de nada! Sem filas, ninguém pulando nem esbarrando em cima de você. Nada disso!

Foi então, que ao conversar com uma amiga, ela me dissera que estava indo encontrar uma conhecida dela que acabara de chegar do interior de São Paulo.

Me convidou para ir. Não sei como conseguiu me convencer, mas eu fui!

Daí eu conheci essa menina que era incrível, autêntica, divertida, não estava nem aí para o que os outros pensavam ou deixavam de pensar dela. E aquela energia me encantou. Pensei que um carnaval ao lado de uma pessoa assim iria talvez me fazer me sentir um pouco mais renovada e um pouco menos anulada. Quem sabe?

Ela parecia um anjo colocado para fazer eu sair daquele buraco ao qual estava. Será que essa minha amiga de infância tinha armado alguma coisa com ela para me retirarem de casa? Será?

Elas me convidaram para uma casa na zona norte da cidade, onde um grupo muito pequeno e familiar estaria por lá. Imaginei que sair um pouco do ambiente o qual eu estava poderia sim me fazer bem.

Eu pensei: Por que não?! E perguntei a elas quanto tempo elas ficariam nessa casa, elas me disseram que uns 7 dias.

O carnaval completo e mais um pouco. Eu disse que ficaria no máximo dois dias, sendo que no segundo, já voltaria para casa. Ou seja, um dia e meio! E olha lá!

Levei duas mudas de roupas e fui!

Chegamos ao local no finalzinho da manhã! Próximo ao horário do almoço. A turma e o anfitrião da casa eram muito acolhedores.

A casa tinha no máximo 2 quartos, uma sala e um quintal bem grande. Éramos 7 no total mais um casal.

Me identifiquei imediatamente com o integrante mais novo da casa.

O caçula!

Ele era tímido, mas tímido de verdade, ele não abria a boca para nada.

Só balançava a cabeça pra dizer sim ou não. E isso já era muito para ele!

As meninas se reuniram e começaram a revezar.

Umas preparavam algo para comermos. Outras foram se arrumar e preparar a maquiagem, a pintura e suas fantasias para o grande dia!

Os meninos foram fazer as compras e outros começaram os preparativos para o churrasco. Uns varriam o quintal, arrumavam o gelo, a cerveja, as carnes e por aí vai!

Comecei a me sentir mais tranquila lá.

Era tudo que eu precisava! Uma rotina normal, tipo um final de semana com visitas em casa, sabe?

Talvez pelo meu estado de espírito, não sei como, consegui me aproximar cada vez mais dele: do quase mudo e calado.

Eu me identifiquei tanto com o pessoal, que parecíamos todos amigos de infância reunidos.

Nos pintamos igual a gatinha. Todas iguais. E no dia seguinte, combinamos que seria Sereia nosso figurino! Seria mais fácil até para me emprestarem algo!

E os meninos super extrovertidos e criativos, (só que não!), também com suas fantasias: Chinelo e bermuda. No máximo uma camiseta mais despojada! Mas o que importava mesmo era que estávamos todos nos divertindo demais!

Papeamos, dançamos muito, demos boas risadas!

Passamos a tarde inteirinha comendo e bebendo ao som de um repertório musical muito bom e "beeeem" alto.

O "quietinho" virava e mexia saía do quarto.

Ficava dez minutinhos conosco e já se escondia.

E passou a tarde, a noite, a madrugada... viramos a noite em ritmo de festa. Privada mas bem animada! No dia seguinte cedo, já iniciamos o famoso enterro dos ossos. E nada de ninguém dormir ainda.

E eu? Que queria ficar quietinha e trancada era a mais contente e pilhada de todo mundo! Quebrei minha casca e fui me divertir.

Como o prometido, no finalzinho da tarde do dia seguinte, comecei a arrumar minhas coisas e a me preparar para vir embora, mas ainda estava fantasiada de Sereia.

Quase que não ia! Acabei gostando daquela baguncinha ali. Todos muito respeitadores mas com um índice de animação e diversão lá no alto.

Isso que eu queria uma festa organizada.

Sem loucura nem ninguém alucinado ou surtado por lá! Todo mundo careta, só pessoas do bem, sem nenhuma maluquice.

Antes de partir, fizeram cartas, declarações, homenagens. Fizeram de tudo para eu não ir. Mas estava decidida! Quer dizer, quase!

Aí exatamente na hora que eu estava me preparando psicologicamente para me despedir, o menino veio lá de dentro do quarto e falou, fa-lou, FALOU, falou mesmo (pela primeira vez em quase dois dias), com sua boca e todas as letras: - Por que você não fica?

Serei Eu
Enviado por Serei Eu em 27/07/2020
Reeditado em 27/07/2020
Código do texto: T7017871
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