DOMINGO TEM CINEMA, SE NÃO CHOVER

No domingo, a piazada, como nós Paranaenses chamamos os meninos, logo que acordavam olhavam para o céu, que estando límpido era só alegria. Era sinal que teria cinema, teria matinê. Assim era no interior, em minha cidade, quando piá. Explico. Acontece que se o tempo não estivessse bom e viesse a chover, no primeiro raio a energia, que era gerada por uma pequena Usina Hidrelétrica do município, caía e só retornava no outro dia. Razão de tempo bom ser motivo de alegria.

O alto-falante externo do cinema – Cine Luz -, começava a tocar músicas às 13h00 e noticiava o filme que iria passar na sessão das 14h15. Quase toda a cidade ouvia, eram músicas do momento. Não demorava e lá estava a piazada nos corredores do cinema trocando Gibis, era a forma de economizar e ter o que ler durante a semana, já que a televisão estava recém surgindo por aquelas bandas. A piazada dizia: “ - troco um Gibi do Zorro por um do Batman; Troco um do Tarzan pelo Superman; Troco um Tio Patinhas por um do Mandrake; Troco do Carequinha por um do Gasparzinho; Troco o Brasinha pelo Fantasma", entre outros.

A troca de Gibis só parava quando na tela aparecia o Leão da Metro-Goldwyn-Mayer. A piazada tinha por costume neste momento aplaudir e bater palmas, era só alegria. Houve uma época em que antes do filme iniciar era transmitido uma série do Batman, que sempre parava em uma cena de perigo. A sequência da série só acontecia no próximo domingo, passávamos a semana toda imaginando o que poderia acontecer com o Batman, se ele conseguiria sair daquela situação, era uma tortura esperar. Rsrsrs. Claro, ele sempre se saía bem. Os filmes da época, a maioria era Bang Bang, tais como: Ringo – Pistola de Ouro; Dólar Furado; Meu nome é Pécos; Django. Quanto passava Bang Bang, durante a semana sempre havia alguém que achava por bem se vestir igual ao “mocinho”, artista principal, e dar umas voltas a pé pela cidade. Principalmente quando o filme era Django (chapéu na cabeça, bota e cigarrinho no canto da boca). Rsrsrs. Voltando aos filmes, havia também aqueles do período do Império Romano: A queda do Império Romano; Spartacus; Ben-Hur; e outros. Haviam também filmes americanos sobre guerras. Lembro daqueles entre os Índios e o Exército Americano no Velho Oeste. Com relação a este último, abro um parêntese. Quando havia uma cena em que um soldado do Exército Americano atirava e matava um Índio, a piazada batia palmas, eu, inclusive. Ora, inaceitável, hoje reconheço, torcíamos do lado errado, para o mais forte. Coitados dos Índios. A verdade é que hoje sabemos que a expansão colonial americana foi um massacre de índios.

Bem, continuando, ainda em tempo, lembrei dos famosos Jornais Cinematográficos que passam antes dos filmes. Do famoso Jornal Cem. Enfim, hoje, como se nota, voltei ao tempo, boas lembranças. Atualmente tudo é mais fácil, temos o cinema em casa – Netflix e outros. No entanto, o encanto do cinema continua. Como continua em minha memória o estouro do pacote de pipoca depois de comê-lo e o sabor do sorvete depois do cinema. THE END.