A Menina que via Alma

O lugar onde Ana morava era praticamente deserto. A secura das terras e árvores combinava com os sentimentos dos moradores da localidade. A menina tinha manias como qualquer uma da mesma idade que a dela, muitas vezes, eram sentimentos estranhos, outras nem

tanto. A família de Ana nasceu na zona rural e lá permaneceu, pessoas simples, amigáveis para com outras famílias da região. O maior problema daquela gente era a falta d’água. Por essa razão, muitos saíam de lá, para apanhar água, muito longe, numa cacimba em outra propriedade. Certa vez, mãe e filha foram juntas à bendita Cacimba. Ora, naquela região, corriam inúmeros boatos, talvez para assustar os outros, contavam lendas macabras. Histórias de assombração e alma penada, que se conhecia como histórias de caçador. Já ia entardecendo, naquele dia, a luz do sol estava bem mais fraca, e as duas mulheres iam apressadas, antes de escurecer, o que ficaria difícil para equilibrarem a lata d’água na cabeça.

A mãe de Ana morria de medo de alma penada, assombrações e tudo que ousasse aparecer de repente. A menina, por sua vez, era muito, muito estranha e nada temia. Esquecendo do medo da mãe, Ana começou um papo esquisito. Ela perguntou:

- Mãe, a senhora já viu uma alma?

A mulher olhou rapidamente para ela e disse:

- Ora, menina, tá maluca? Deus me livre! Não quero saber dessas coisas.

A menina, de novo, questionou:

- Mas se visse uma? O que faria?

- A senhora olhou para a filha, uma vez e outra. Os olhos pareciam maiores que o normal. Pensou em quantas vezes ela tinha parecido anjo, delicado , quase etéreo. Estava diferente, por isso indagou:

- Oh, Ana, por que essas perguntas agora? O que está havendo?

- Nada não, vamos, se não vai ficar de noite.

Na verdade, a noite já estava ai, linda e misteriosa. Pronta e arreada, como fala o nordestino maneiro. Quando elas estavam voltando, de repente, de longe, algo se movimentou. Não puderam ver o que ou quem estava lá adiante. A mãe já estava tremendo de medo. Toda arrepiada de terror, tão genuíno que não se podia calcular. Olhou em direção à filha,novamente a achou estranha. De repente, não conseguiu imaginar no que via, a menina estava feliz? Estava rido, como se estivesse ensandecida. Talvez estivesse mesmo, louca isso sim. sem entender nada, a mãe argumentou a filha:

-Menina, não está com medo? Estamos prestes, provavelmente a ver uma assombração de perto e você não está nem ai?

Ana olhou profundamente para a figura distorcida lá adiante, depois voltou-se para a mãe e respondeu:

- Ah, relaxa mãe, não fica nervosa, essa alma é bem boazinha, não assusta ninguém. Pior se fosse a outra, que é braba!!! Essa é do bem.

Sem acreditar naquilo, d. Irma, a mãe de Ana questionou:

- O que você entendes dessas coisas?

_ Ora, mãe, eu não só vejo almas, como também converso com elas.

A mãe desmaiou de susto!!!!!

A menina emitiu uma gargalhada insana e sumiu!!!

Fátima Sá Sarmento
Enviado por Fátima Sá Sarmento em 17/08/2020
Reeditado em 14/09/2020
Código do texto: T7037645
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