Carla Maria e eu

Conheci Carla Maria Sampaio ainda no colégio quando tínhamos dezessete anos de idade. Menina doce e fogosa. Todos gostavam muito de Carla, especialmente os homens. Era de família rica e muito conhecida. Era uma das meninas mais inteligentes que já conheci. Tinha muita habilidade com as mãos, fazia todas as artes manuais. Todas. Aprendia as coisas em questão de minutos, e só tirava nota alta. Era o orgulho da mãe, uma madame que só tinha tempo para vaidade. Fosse vaidade visual ou intelectual.

Carla era tida por sua família como a grande promessa na sucessão dos negócios. Tinha um poder de liderança magnífico. Distribuía tarefas em grupo de trabalho rapidamente. Percebia facilmente as habilidades das pessoas e sabia como explorá-las de maneira astuciosa e sutil.

Chegou a ganhar um prêmio como uma das melhores alunas que o colégio já teve. Carla dizia querer, porque sua mãe queria, fazer vestibular para administração. Mas gostava de pintar quadros e fazia isso brilhantemente para o desespero da sua mãe. Não tinha muito contato com o pai, que vivia viajando para cuidar de suas empresas espelhadas por todo país.

Tínhamos uma certa ligação por isso alguns quadros seus foram guardados lá em casa. A maioria dos quadros estava relacionada à sua sexualidade. E era justamente sua sexualidade que a aproximava dos meninos da escola. Carla já tinha saído com a maioria e dizia sem piedade que só queria curtir sexo. Transava com todos e sua fama só não chegava a sua casa porque a mãe não queria saber. Mas Carla era um diabinho. Chegava a receber cartas toda semana dos meninos que saia. Conseguia fazer todos se apaixonarem por ela. Era fantástica na cama e fora da cama. Conversar com Carla era uma maravilha, podia-se discutir muitos assuntos com ela e o que ela mais gostava é claro, era sexo.

Era livre, não tinha nada a perder, e queria continuar assim, dona de si. Bem ou mal, era falada e falada ou não ela curtia a vida como vi poucas garotas. Não tinha frescuras, bebia cerveja em botecos pé duro, mas andava muito com a alta sociedade e era como uma princesa. Fui a algumas festas em sua casa com sua família e ficava impressionado com o comportamento de Carla. Falava muito bem e discretamente fazia os amigos do seu pai se apaixonarem por ela. Eu gostava muito de passar o tempo com ela.

Mas o destino foi bastante previsível e Carla passou no vestibular para administração e se mudou para outra cidade. Perdemos o contato.

Passei em meu vestibular para engenharia mecânica e a faculdade passou a ocupar grande parte do meu tempo. Pouco via meus colegas do colégio e mesmo passados quase 3 anos nas poucas reuniões em que fazíamos, Carla era o principal assunto.

Soube que alguns escândalos por causa de homem fizeram à mãe desistir de Carla. Não queria que ela pintasse nem queria mais os escândalos dela na imprensa. Carla sumiu. Nunca mais ninguém do nosso grupo soube de Carla.

Fui ao congresso de engenharia mecânica no Rio de Janeiro alguns anos após minha formatura uma vez com mais dois amigos também solteiros. Depois de algumas cachaças na cabeça resolvemos ir ao melhor prostíbulo da cidade. Tínhamos dinheiro para gastar, ganhávamos bem e éramos todos solteiros. Soubemos de um lugar chamado Colméia – onde você tira seu mel. Pense que maravilha.

Uma casa imponente com uma luxuosa decoração em rosa era a colméia. Uma mulher alta de cabelos longos e pretos,e um corpo exuberante veio nos recepcionar. Conhecia aquela mulher de algum lugar, não sabia onde. Olhei as paredes enormes e os quadros eram muito familiares. Pareciam os de Carla Maria.

Cada vez que aquela mulher falava e gesticulava me parecia mais familiar. De repente, no meio do falatório eu me lembrei de onde a conhecia. Ela era Sheila, uma prima de Carla. Conheci ela há muito tempo em uma das festas na mansão dos Sampaio. Moça alegre, simpática e bonita. Agora virara gerente de bordel. Começamos a conversar e falei para ela de onde a conhecia. Ela também me reconheceu. Perguntei por Carla Maria e ela me disse que estava em casa.

No dia seguinte fomos ao luxuoso apartamento de Carla e conversamos muito. Tivemos um peru enorme de almoço. Carla me contou que os negócios estavam indo muito bem e que logo logo iria na nossa cidade.

Eu me despedi dela e voltei para o hotel. Eu voltaria no dia seguinte. Assim que cheguei no hotel Carla me ligou perguntando se eu não queria jantar lá com ela. Eu disse que sim e fui. O jantar se transformou em uma noite. E juntos passamos essa noite. Adiei minha passagem em um dia para passar mais uma noite com Carla. Passei.

Depois decidi adiar em uma semana, assim ficaria uma semana com Carla. E fui ficando na casa de Carla, a gente transava de vez em quando e não tínhamos compromissos, mas éramos muito amigos.

Adiei minha viagem em um mês e uns amigos trouxeram roupas para mim. Me demiti do emprego e passei o semestre na casa de Carla.

Ai veio o grande convite: tornar-me sócio da dona do bordel mais badalado do Rio de Janeiro. Claro que agarrei a oportunidade e como ela me tornei um grande cafetão.

Atualmente Carla Maria e eu temos bordéis em todo o Brasil e estamos quase indo para o exterior.

Malluco Beleza
Enviado por Malluco Beleza em 26/10/2007
Código do texto: T711174
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