Débora e seus Desacontecimentos. O caso do assédio virtual.

Antônia, mulher de meia idade, meio gordinha mas ainda muito charmosa, chega na sala e fala com o marido aos brados:

- Durval, meu filho, tu nem sabes a última da Débora, exclama com um certo prazer mal disfarçado.

- Tá, fala logo mulher, resmunga Durval já sabendo que o assunto iria render.

- Pois então, tu sabes que agora ela deu para viver no computador escrevendo e interagindo com amigos de todos os tipos! Não tem medo dos hackers?

Também não entendo a mania de acreditar em todo o mundo, nem parece uma mulher feita, dizem que ela é muito inocente, mas fala sério Durval, com aquela idade?

- Ah, mulher, deixa a menina e paz, problema dela.

- Menina, Durval? Temos a mesma idade.

- É verdade, completa Durval, é que ela parece bem menos.

- Antônia não gosta muito da observação mas continua:

- Então Durval, só Deus mesmo na causa para livrar ela das trapalhadas em que se mete. Imagina, parece uma maluca, anda na rua olhando para o céu e tirando fotos de árvores meu filho, com toda a violência que aumenta é um perigo.

Ah, Durval, são muitas histórias, todas hilárias, até hoje ela me surpreende.

Fiquei sabendo pela Helena da última da Débora, vou te contar agora.

O tempo foi passando, a inocência cada vez mais atrapalhava a vida da minha amiga que perdia para jovens experientes e realistas no quesito malícia e como entender os homens.

Depois de começar a usar o face, se deparou com um problema que não tinha pensado ainda, o assédio virtual.

- Como assim mulher? Que é isso agora, mais essa?

- Pois é, meu filho, no privado, o homem pergunta para a minha amiga:

-Você é casada? Ela responde que não e pergunta, e você?

Ele se diz divorciado, mas burra ela não era, enquanto a conversa continua, ela olha no perfil e vê o cafajeste se declarando para uma mulher.

Era aí que ela deveria ter bloqueado, mas ele pergunta:

- O que você gosta de fazer? – Entendeu o fazer, Durval?

- Ah, eu gosto de escrever e desenhar, responde ela.

- E o que mais? Insiste ele.

- Ah, eu gosto de escrever, desenhar, computador e ver televisão.

- E de beijar você gosta?

Ah, Durval, você não imagina o susto da minha amiga, bloqueou na hora.

Mas ela aprendeu uma lição Durval, hoje em dia perguntar o que você gosta de fazer não é hobbies não, é outra coisa.

Pobre Débora, Durval, não precisava passar por mais essa situação, tu não achas?

Quando vira o olhar para o marido, Antônia percebe que ele já ressona no sofá, babando pelo canto da boca.

Irritada, sacode o homem e manda ir deitar logo na cama.

Quanto a ela vai ficar pensando em Débora e sua vida conturbada, mas sempre acreditando num futuro melhor, como pode?

Como gostaria de ter tido os amores que a amiga teve na vida, mas qual, fora casar logo com o Durval!

Levanta-se também para dormir mas não sem antes pensar que amanhã logo de manhã vai ligar para Helena para fofocarem sobre a última de Débora.

Ah, mas tem tantas histórias de Débora a serem contadas ainda...

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 04/12/2020
Reeditado em 09/12/2020
Código do texto: T7127837
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