Uma simples recordação

No ano de 1958, uma família do interior da Paraíba resolve tentar a vida na então capital do pais, Rio e Janeiro, o casal humilde com seus nove filhos chegam ansiosos por proporcionar a eles um viver mais suave e sem tantas carências, visto que lá tudo era muito difícil.

Chegando a rodoviária do Rio, cansados dos longos 15 dias da viagem, naquela época as rodovias eram precárias e demoravam demais chegar aos destinos, sentem-se perdidos em meio ao barulho da cidade. Para eles tudo novo e diferente da vida antes passada, vinham de um viver simplório sem finanças, sem lugar certo para ficar, uns aventureiros determinados a não mais voltar a terra de onde saíram, e mesmo sem saber o que lhes esperava, tiveram o apoio de uma das irmãs da matriarca desta família e ofereceu um tempo em seu lar, abrigando assim a todos.

Como sabemos, já foi dito por Euclides da Cunha:
- "O Nordestino é antes de tudo um forte"...

Logo o pai foi a procura de emprego, porém sem formação alguma, pouco estudo, o que poderia arrumar para não ficar sem ganho foi ser auxiliar de pedreiro.

Com dificuldade conseguia colocar o pão de cada dia no lar, porém não demorou muito, logo os filhos cresceram e cada um arrumou trabalho, naquela época, menor trabalhava, recordo muito bem que um dos meninos ainda com onze anos já ajudava a manter a casa trabalhando em um pequeno armazém que havia perto da casa do casal, os outros três já com quinze, dezesseis e dezessete anos, trabalhavam mais longe, em uma fábrica de tecidos.

Assim a vida seguia sem muito luxo mais com certa tranquilidade, a mãe muito esforçada, lavava roupas para as madames e assim tocava o dia a dia da família, logo comprou um terreno e ali construiu a primeira casinha. Vendo seus filhos crescendo, casando suas filhas, tudo correia razoavelmente bem, os rapazes seguiam os rumos deles, o mais velhos dos quatro, resolve tentar a vida na futura capital do pais e vem para o início da construção de Brasília, o segundo mais velho vai servir a Pátria e lá se fixa, antes soldado, depois cabo de comunicação, isto já por volta do ano 1964, ao decorrer do tempo este foi convocado para uma guerra que se não me falha a memória foi na República Dominicana, este permaneceu por lá até o final em 1966,quando volta já com a patente de sargento.

Foram dias infindáveis para sua mãe, medo de perdê-lo, saudade, porém muita alegria no regresso dele com saúde para o lar.

Com era costume dos viajantes da época, sempre traziam recordações para os parentes, recordo do carrinho de pilha que trouxe para o sobrinho, boneca para a sobrinha, lápis e estojo em formato de lápis para a duas irmãs que estudavam na época, para uma amiga que conheceu através das meninas e da grande felicidade no recinto ao receber todo o carinho dos familiares saudosos.

As duas filhas mais velhas já haviam casado, a terceira das cinco, na época noiva, teve por presente o vestido para o casamento, uma harmonia apreciável. Assim foi o decorrer daquela família, logo mudou para então nova capital, onde o horizonte de esperanças se abriu diante dos seus olhos. Todos conseguiram crescer, se estabelecer, e alcançar os objetivos sonhados, sendo todos vitoriosos.

O mundo tem seu lado ruim, mas com afinco e determinação se pode galgar os píncaros do sucesso, basta nunca desistir.

Esta família hoje só tem a agradecer por tudo.
(Lbxavier)
26-03-2021


Todos sabem que tudo que escrevo são fatos reais por mim vividos, hoje me veio esta recordação.


A foto é o que restou do estojo por mim recebido, estes fatos foram em minha infância e a família relatada é a minha, meus pais e meus oito irmãos .
Gosto de recordar .
Lindalva Borba
Enviado por Lindalva Borba em 26/03/2021
Reeditado em 28/03/2021
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