História do Camonge - II

Histórias do Camonge - II

        Como já se sabe, Camonge, ou Camonjo era um plebeu de um reino imaginário, situado na região montanhosa, mas nem tanto, nas proximidades do império das ilusões, suponho que do Nordeste brasileiro. 

Vivia a manter-se em grandes enrascadas contra o rei da braguilha para trás, que tinha como seu maior objetivo enforcar o desgramado na praça pública. 

Camonge, como já era sabido, gozava de mais prestígio junto a população que o rei, por ser um indivíduo esperto e solerte, como bem frisou há pouco tempo, nossa ex-presidenta, num outro contexto. 

Conta-se, que certa oportunidade, Camonge passava em frente ao Palácio Real, com duas galinhas. O rei que o vira, gritou da janela: 

-Camonge! Qual o melhor da galinha?

-O ovo - respondera. 

Depois disso, consta que Camonge fizera uma viagem e demorara pouco mais de um mês. 

Consta que havia na praça das execuções penais, uma grande pedra, sobre a qual, Camonge gostava de tomar sol pelas manhãs.

Com a viagem de Camonge, o rei engendrou um plano para pegá-lo numa resposta errada e poder dar cabo do espertalhão que lhe fizera "poucas e boas" vergonhas. 

Mandou que uma centúria de seu exército alçasse a pedra com muito cuidado e colocasse debaixo uma folha de papel. O que de fato foi realizado com sucesso, graças ao guindaste de madeira de lei, sem deixar vestígios de alguma violação do local. Como fora uma operação pública e malgrado todo aparato para ocultar o objetivo, sempre tem um bisbilhoteiro que viu melhor e contou ao Camonge. 

Certa manhã, de sua sacada, o rei observou o Camonge sobre a pedra a tomar sol. Então, havia chegado a hora de mandar aquele "estraga prazeres" para os quintos dos infernos.  

Foi ter com ele e se fazendo de inocente arriscou  uma pergunta: 

-Olá Camonge! Faz dias que não te vejo quais as novidades?

-Ó meu rei - respondeu ele -

Estranho há alguma coisa em meu chapéu,

Quem estava aqui viu, então não viu,

O céu baixou ou a terra cá subiu,

Da altura de uma folha de papel.

        O rei, decepcionado, deu meia volta e ainda arriscou a última cartada: 

-Com o quê, Camonge? 

-O melhor da galinha? Com sal e farinha, meu rei!

Na praça tinha um baiano de passagem e ouviu tudo e acabou levando esse mote para a Bahia. Então a baianada pegou esse mote no dente e passou a chamar a qualquer um de meu rei! Ó meu reeeeei…!

E assim, mais uma vez, Camonge livrou-se da forca, para sua alegria e felicidade geral da rude plebe. 

Domínio público.