A "geração Y" e a torre de Babel

(um novo causo)

A geração do mundo virtual, bem paramentada por smartphones, aplicativos, redes sociais etc., conhecida como a “geração do milênio”, causa e sofre dissabores. Isso porque a temperatura do mundo real nem sempre consegue se manter oculta por muito tempo.

De um lado, ele; do outro, ela. Se não convergem pela aparência, o fazem por alguma afinidade. Porém, em pouco tempo, o que é próximo fica distante; e o que está quente começa a esfriar. Coisas do “mundo líquido” que se desfazem na primeira ventania...

Enquanto ele é capaz de fazer citações em latim, ela apenas o admira e dispara elogios, digamos assim, nada condizentes com o linguajar do rapaz. E ele que pensava ser indispensável para ela, ganhou o título de “indispençável”. Assim mesmo (com ç), pronunciado por lábios de carmim e escrito por mãos de seda. Ora, a “geração Y” é ágil e não tolera desgaste emocional. E tudo mudou. Ele que tinha visualizado, do outro lado, um cérebro de Minerva, logo percebeu que podia estar diante da mente da personagem “Magda”.

Depois, ele puxou pela memória e trouxe a velha dupla “Eduardo e Mônica”, música da banda Legião Urbana. Ele se viu um “novo Eduardo” lutando contra uma “Mônica, às avessas”. Uma “Mônica” que não falava alemão e nem, sequer, se expressava bem na sua língua materna. E ele não iria gastar o seu latim para convencê-la. Não. Porque o “novo Eduardo” estava mais propenso a disparar a sua flecha (sagitta) para outras “Mônicas”. Não se importaria, de forma alguma, se elas tomassem todo o seu conhaque. O que importava mesmo era que ambos falassem a mesma língua.

Para ele, aquele “indispençável” ruiu a base da torre dos seus sonhos. Afinal, ele continua acreditando que a linguagem tanto constrói como destrói.