O LAÇO E A RAPOSA (Num Dia do Passado)

Num dia do passado, um homem sertanejo que morava num pequeno povoado rodeado de matas da caatinga e algumas pequenas roças de lavoura, resolveu construir uma armadilha de laço para capturar raposa. Diferentemente de hoje, naquela época era permitida essa atividade. E o couro da raposa podia ser comercializado livremente, assim como também o couro de outros animais silvestres.

Depois que a armadilha de laço foi armada cuidadosamente, aquele sertanejo foi para a sua casa, que ficava ali nas proximidades; e à noite ele quase não conseguiu dormir, ficando na expectativa de ouvir algum barulho lá na armadilha.

Lá pelo meio da madrugada, mais ou menos, ele ouviu o grito da raposa que acabara de ser capturada no laço que ele armou na tarde anterior. Para lhe ajudar na retirada da raposa do laço, na armadilha, ele decidiu então ir à casa de um compadre seu que também morava naquele mesmo povoado. Seu compadre, num sono profundo e pesado, não ouvia sua voz o chamando. Ele, então animado e eufórico, falou mais alto: “Acorda, Compadre! Acorda, sono de bacorinho novo!”.

Depois que o seu compadre acordou, os dois foram a pé pelo curto caminho em direção à armadilha de laço de pegar raposa. Chegando lá, a raposa estava aprisionada no laço.

Aquele sertanejo, sabendo do preço do couro da raposa, olhando pra ela começou a “fazer a sua feira”, e assim ia especificando: “Quantia tal é para o açúcar; quantia tal é para o café; quantia tal é para o sal; quantia tal é para a farinha...”. E assim seguia a lista de compras relacionada ao preço da venda do couro da raposa, já se sabendo ali de antemão em que produto da feira o dinheiro iria ser aplicado.

E antes de tentar abater o animal, ainda disse: “E lá vai ferro, raposa!”. Só que, assustada e mesmo presa, a raposa deu um salto brusco e repentino no laço, que a foice cortou a corda, quebrando aquela armadilha; e felizmente aquela raposa conseguiu se soltar ilesa, e dali fugiu desesperada e velozmente por entre a vegetação e uma roça de algodão.

O sertanejo, ali desanimado e contrariado, ainda disse para o seu compadre e companheiro: “Compadre, tenta botar um ‘corte’, um atalho, pra ver se a gente consegue pegar ela na mata!”.

“Meu compadre, quem escapa e sai de uma boca dessas não vai esperar por atalho de ninguém, não”, respondeu o outro homem.

E o sertanejo do laço ainda disse, finalmente: “A danada saiu ‘flocando’ algodão.”.

Esse fato ocorreu há muito tempo...

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 28/03/2022
Reeditado em 28/03/2022
Código do texto: T7483075
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