Contos do Tio TATU Ep.13 - Seu CARITO o Hortelão Devoto

Seu Carito sempre foi um ótimo horteleiro (pessoa que trabalha na horta).

Ele muito reconhecido por isso por toda a região, e por esse motivo, anos atrás Seu Carito foi chamado para cuidar da horta da fazenda e também ser o administrador de tudo.

Porém, os Patrões exigiam que ele morasse diretamente na fazenda, e então ele deveria se mudar.

Seu Carito disse que aceitaria sim o trabalho e toda a responsabilidade de administrar a fazenda com uma condição:

Como ele é uma pessoa muito devota, perguntou se os Patrões autorizariam a doação de um leitão todos os anos para a capela da vila para ajudar no levantamento de fundos, isso sempre durante as festividades do padroeiro.

O Patrão ficou meio receoso, mas a Patroa lhe acenou com a cabeça que sim, já que eles precisavam de alguém de confiança na fazenda, e ela não viu problema algum em abrir mão de apenas um leitão por ano em troca de ter o melhor horteleiro na produção de sua fazenda, o Patrão estendeu a mão em direção de Seu Carito, e eles apertaram as mãos.

E então Seu Carito pediu apenas uns dias para poder providenciar a mudança, afinal organizar a mudança toda na carroça não é coisa fácil.

Seu Carito reorganizou toda a horta da fazenda, alterando alguns plantios para poder colhe-los em melhores condições e com isso vende-los com lucro maior.

Com a produção crescendo e aumento nos lucros, os Patrões tiveram a certeza de ter contratado a pessoa certa para o cargo, a confiança entre eles aumentava cada vez mais e as ideias de Seu Carito iam sendo implantadas na fazenda sem receio dos Patrões.

Seu Carito e o Patrão, estavam fazendo a costumeira ronda da semana na fazenda, e ao passarem pelo chiqueiro, Carito aproveitou para pedir ao Patrão que indicasse qual seria o leitão a ser doado nesse ano, já que faltavam poucas semanas para o dia do padroeiro.

O Patrão nunca foi totalmente a favor dessa doação, e então apontou para o leitãozinho mais magro entre todos, Seu Carito apenas concordou com a cabeça e então colocando as etiquetas nos animais, diferenciando os que iriam para reprodução, para engorda e venda, e é claro, a etiqueta diferenciada no leitãozinho a ser doado.

Passado semanas, hoje é chegado o dia do padroeiro e as festividades estão mais uma vez por acontecer na Capela pelo comando do Frei Maurílio.

Várias barracas foram montadas com a ajuda do pessoal do Quartel Arapuca, bem como toda a infraestrutura do evento.

Seu Carito trouxe o leitão para o rifa da festa do padroeiro, e o animal que tinha sido escolhido semanas atrás, hoje era o mais gordo de todos os outros.

O animal estava tão bonito que ficou exposto em destaque numa barraca, onde também foi montado pelos soldados um painel de fotografias para que as crianças pudessem tirar fotos do tipo instantâneas ao lado do leitão e fazendo carinho.

Frei Maurílio faz a abertura do evento, abençoa tudo e todos e agradece antecipadamente a contribuição dos presentes.

Comidas típicas e diversas brincadeiras estão a disposição dos devotos.

Dona Preta ficou responsável pela barraca do milho verde e pamonha.

Seu Carito, que além de ter levado o leitão mais cedo, estava trabalhando na barraca da pescaria.

Outros tentam ganhar as prendas do bingo cantado pelo Tio Tatu, o radialista local.

A novidade esse ano era a barraca de tiro ao alvo, comandada pelo Sargento Andorinha e o Soldado Corruíra.

Todos estão se divertindo com as brincadeiras, apreciando as deliciosas guloseimas e aproveitando o show dos cantores no palco improvisado feito em cima da carreta de um caminhão.

Frei Maurílio sobe no palco e anuncia o início da venda dos números da rifa do leitão, enquanto o leitão fica é posto em exposição no canto do palco.

Biruia era o melhor "vendedor" dos números da rifa, afinal quem conseguiria resistir ao garoto falante e carismático, e o mesmo vende todos números bem rapidinho.

Após o arremate de todos os números, Frei Maurílio volta ao palco e anuncia que será sorteado a rifa do leitão, o grande prêmio da noite.

Biruia é o encarregado de girar a roleta, que foi feita com o aro de bicicleta todo numerado, todos ficam ansiosos pelo resultado, então a roda, quer dizer, a roleta para no número 75, e o vovô João é o sortudo dessa noite e seus netos ficam eufóricos para levar o novo bichinho embora.

Biruia e Dona Preta ajudam a colocar o leitão em cima da carroça do vovô João, e este lhes oferece uma carona, onde Dona Preta vai sentada nos fundos da carroça com as pernas balançando pra fora, enquanto Biruia vai em cima junto com o leitão que foi amarrado na carroceria.

A festa termina e muitos ajudam a recolher as cadeiras enquanto outros fazem a limpeza do recinto.

Frei Maurílio agradece aos que estão ajudando e distribui algumas guloseimas que haviam sobrado.

Os saldados do Quartel, são os últimos a permanecer na desmontagem das barracas e guardar tudo.

E Seu Carito pede ao soldado Corruíra para ajudar a levar o altar de volta a capela.

Domingo pela manha, Frei Maurílio coloca no quadro de avisos a prestação de contas da festa, onde mostrava que o valor arrecadado era suficiente para manutenção do telhado avariado na última chuva forte, e que também seria renovada na pintura da capela.