Seu avô era um idiota
- O que pretende fazer com essa tranqueira? - Indagou Raymond.
Ao lado dele, na entrada do sótão, Marco coçou a cabeça diante das pilhas de caixas abarrotadas de objetos não identificados.
- A ideia era uma venda de garagem, mas acho que tem coisa demais aqui - admitiu.
- Seu avô era colecionador? - Questionou Raymond.
- Estava mais para acumulador - redarguiu Marco, abrindo uma caixa de papelão empoeirada, cheia de revistas velhas. - Ei, uma coleção da "Mad"!
Raymond agachou-se ao lado da caixa e folheou alguns exemplares.
- Da época de John Ficarra, meados dos anos 1980.
Jogou as revistas de volta à caixa.
- Não são exatamente raridades.
- E que tal isso aqui? - Indagou Marco, abrindo outra caixa, esta de madeira.
- Objetos pessoais? - Questionou Raymond inclinando-se sobre ela.
- Acho que sim - redarguiu Marco. - Tem coisas aqui do início do século...
- Anos 2010, creio - avaliou Raymond, pegando um boné vermelho desbotado. - Isso é dele?
Marco balançou afirmativamente a cabeça.
- É sim. Tem fotos dele usando.
Raymond fez uma careta, girando o boné nas mãos.
- Cara, nem sei se seria bom colocar isso à venda. Não que seja proibido, mas... você sabe.
Marco balançou a cabeça novamente.
- Não pega bem, né?
- Nem um pouco - replicou Raymond. - É como se você estivesse dizendo ao mundo que o seu avô era... bom...
- Um idiota - complementou Marco.
- Foi você quem disse, não eu - disse Raymond, passando o dedo pelo contorno da sigla em letras brancas, na parte frontal do boné.
- "M-A-G-A" - soletrou baixinho, antes de atirar o objeto de volta na caixa. - MAGA.
- [03-10-2022]