Selminha dá e deixa.

Hoje é aniversário do “Raryporter”, meu querido afilhado – não se assuste os pais grafaram assim e o tabelião assinou em baixo – ver o moleque todo feliz com seus amiguinhos fazendo farra na sua data festiva me fez volta ao passado e lembrar de um certo dia. Estava com amigos bebendo uma gelada, altas horas saideira na mesa e o famigerado celular começa a tocar, pensei logo é Dona Encrenca, mas para minha surpresa era Selminha minha sobrinha, com uma voz manhosa que só essas adolescentes sabem fazer e sem meias palavras fez um pedido inusitado:

- Tio sou eu, Selminha preciso que o senhor me ajude, estava no cinema o filme acabou tarde e agora não tem transporte coletivo, o senhor pode me buscar estou na frente do Shopping?

Na hora bateu aquela raiva pois já era tarde, eu estava bebendo e com blitz da lei seca não se brinca, mas com sei que a mãe dela ligaria para eu fazer o mesmo favor fui ao resgate. Mais de meia-noite encontrei Selminha e o suposto namorado, ambos sentados e cabisbaixo, sabiam que vinha sermão pela frente, eu estava tão cansado que deixei o sermão pra outra hora. Deixei os dois na porta de casa e fui para o leito pois tinha que trabalhar logo pela manhã.

A vida vai passando, mundo dando voltas e alguns meses depois leio na comunidade da família no finado Orkut, que Selminha vai ser mamãe. Fiquei surpreso pois a mãe alardeava em alto e bom som que jamais seria uma avó precoce, fazia questão de todo mês presentear a filha com a famosa injeção de evitar.

A barriga cresceu, Raryporter nasceu, eu virei padrinho e certo dia conversando com Selminha ela me contou umas pontas soltas da sua gravidez, sempre fiquei curioso de como ela engravidou mesmo usando um método anticoncepcional tão seguro. Selminha então soltou o verbo:

- Naquele final de semana do cinema, minha mãe deu dinheiro para comprar a injeção, resolvi comprar depois e usar o dinheiro no cinema, esqueci completamente da injeção aí o final o senhor já sabe.

Moral da história: Não sei o que é pior ser avó precoce ou saber que o neto se chama Raryporter por uma escapulida ao cinema.