LABIRINTO DO TEMPO

 

No labirinto do tempo, enquanto contemplamos a jornada da vida, percebemos que a história se desenrola de maneiras que desafiam as projeções mais ousadas. Em 2013, vislumbrávamos um Brasil com mais de três milhões de octogenários, uma demonstração vívida da evolução da expectativa de vida. As previsões do IBGE, então, apontavam para um futuro em que os idosos, que atravessaram a marca dos 80 anos, atingiriam incríveis 63 milhões em 2050. É uma metamorfose impressionante que nos leva a refletir sobre a passagem do tempo e o enigma da longevidade.

Conversar com aqueles que trilharam a jornada da vida e acumularam décadas de experiência é uma lição que transcende as fronteiras do tempo. Suas vidas, repletas de vivências e cicatrizes emocionais, possuem um valor incalculável, uma riqueza que supera as teorias e conhecimentos técnicos. A sabedoria que emanam é um testemunho de como as experiências vividas moldam e enriquecem a alma.

Eu, aos 80 anos no ano de 2023, almejo perseverar nessa jornada para além dessa marca, coletando as pérolas da experiência e aprendendo com as desilusões. Discordar, crescer e, eventualmente, libertar-me das bagagens acumuladas, mantendo-me aberto às surpresas que a vida ainda reserva. O tempo, um juiz impiedoso, se encarregará de apagar as sombras do passado, restando as lições que moldaram meu percurso.

Viver o máximo possível é abraçar a mutabilidade do mundo, com suas efêmeras substituições e renovações. O mundo, por mais efêmero que seja, torna-se "quase que eterno" quando visto através dos olhos de uma longa vida, apesar de sabermos que nada é verdadeiramente eterno, nem mesmo o sol.

É com essa perspectiva, de uma vida repleta de experiências e sabedoria, que me proponho a narrar histórias verdadeiras, aquelas que pertencem a indivíduos que ultrapassaram os 80 anos e carregam em si o peso da história humana. Cada uma dessas narrativas é única, como a história de Adão, um morador de rua, que viveu sua própria jornada, distante do que a sociedade convencional consideraria ideal. Mas qual é a melhor maneira de viver? Adão, com seus mais de 80 anos, tem sua própria lição de vida para compartilhar, assim como todos nós.

Convido vocês, leitores, a explorar as crônicas que compõem "A Muita Vida Que Vivi". Nestas páginas, descobrirei, junto com vocês, histórias emocionantes que vivenciei ao lado de pessoas que cruzaram meu caminho. Como observador atento das mudanças e transformações que moldam os seres, compartilharei essas histórias com a esperança de que todos possam sentir as emoções que as permeiam, cada qual à sua maneira.

Assim, abrimos uma janela para a riqueza da experiência humana, na qual o tempo é o grande narrador, e cada vida é uma narrativa única, entrelaçando-se na grande tapeçaria da existência. Juntos, exploraremos as histórias que transcenderam as páginas do tempo, compartilhando lições que só a maturidade e a reflexão podem proporcionar.

Neri Satter – Outubro de 2023   -   CONTOS DO SCARAMOUCHE

 

Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 13/10/2023
Código do texto: T7907838
Classificação de conteúdo: seguro