MEU NOME É VLADIMIROVITCH

Seu nome de nascimento foi Vladimirovitch, uma espécie de José ou João, quando o sujeito vem ao mundo lá naquela gélida e longínqua União Soviética em outubro de 1952.

O moleque era endiabrado desde a mais tenra idade, e como aprontou, não fazia distinção de lugar para suas armações, sempre um terror, em casa, na rua e até em sala de aula.

Na infância, enquanto seus coleguinhas queriam ser astronautas, médicos ou qualquer outra profissão do momento, ele cismou, porque cismou, que seria o maior super herói russo da história.

Claro, que ficou frustrado, quando descobriu que seu sonho tinha lá um Q de influência estadunidense, ou na pior das hipóteses do vizinho Japão.

Para superar essa gigantesca frustração, e como naquele tempo atletas russos quimicamente estimulados ganhavam tudo nas olimpíadas, resolveu mudar da noite para o dia seus planos futuros.

Agora, seria o maior medalhista russo de todos os tempos, não demorou muito para descobrir que não bastava malhar com determinação, para assim superar adversários nos desafios ainda internos da então tecnológica e badalada Cortina de Ferro.

A princípio não embarcou na onda de esteróides, anabolizantes e outros estimulantes para então vencer, vencer e vencer. Na realidade essas estratégias bateram forte na cabeça desse sonhador, que prontamente se negou a embarcar nessa furada jornada, que incorporava quantidades abusivas de substâncias, que torna usuários heróis, apenas nos escassos momentos de glória, depois de espremida toda sua energia, o ostracismo passa ser sua morada.

Afinal, vai sempre aparecer um novo atleta, usando uma nova droga ainda mais eficiente, que superará o último recorde conseguido a duras penas por algum outro atleta soviético, e assim por diante.

Essa nova ducha de água fria mexeu nos brios do então jovem e talentoso atleta, uma depressão tomou conta de sua existência.

A sorte, demorou, mas finalmente bateu à sua porta, depois de muitas tentativas para ingressar no serviço secreto soviético, enfim, fora chamado pela KGB, agora faria uma espécie de vestibular para agente secreto.

Quem não se lembra da febre de espiões russos, americanos e claro, do mais indomável inglês de todos os tempos, o famoso agente 007, também conhecido como James Bond, sempre a serviço de vossa majestade, a rainha da Inglaterra.

Se ainda não conseguira seu lugar ao sol, será mesmo que esse ditado vale para a turma da Sibéria? Bom, agora, Vladimirovitch sonhava ser uma espécie de 007 da KGB, e fazer uso de todo o aparato tecnológico, de um país que a princípio, liderava com folga a corrida espacial, e que visava desembarcar em primeiro lugar, um homem em terreno lunar.

Dessa vez seu talento foi valorizado pelo partido, e precisou pouco tempo para que aquele espião iniciante galgasse cargos, até atingir a coordenação da inteligência soviética. As aspirações desse espião de mão cheia subiram rápido, como um colorido balão de gás que escapole da mão de uma criança.

Na incursão que precisou fazer pelos livros, nos muitos anos vividos como espião russo no ocidente, ele aproveitou para aprimorar seus conhecimentos bélicos, baseado nos grandes impérios e suas conquistas ao longo da história.

Encantou-se com estratégias utilizadas pelo general grego Alexandre, o Grande, para dominar na força boa parte do mundo antigo.

O Império Romano e suas técnicas bélicas endoidaram de vez nosso patriota de plantão. E quanto mais aprendia sobre a história da dominação de nações, mais focava suas ações para subir na hierarquia soviética.

Entendeu claramente o objetivo das cruzadas, a expansão do Império Inglês, onde o sol nunca se punha.

Ficou inconformado quando soube que o Alasca já tinha sido solo russo, aliás, um dos muitos territórios acrescidos a configuração inicial ianque, depois vieram terras mexicanas, havaianas e porto-riquenhas, conformando o que hoje conhecemos como os Estados Unidos da América.

Quando se aproximou dos últimos presidentes do seu país, já vislumbrava um futuro, onde por bem ou por outro caminho alternativo, além do poder, sonhava em reunificar as peças do que fora um dia a potente União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS, mas agora sob mão forte de um líder patriota, que como gostava de se declarar, emergido do povo.

Nesse tortuoso caminho político, algumas vezes precisou fazer uso indiscriminado de tudo que aprendeu nos anos de KGB, e foi gradativamente silenciando quem se propunha a criar empecilhos, nessa obstinada busca de devolver a Rússia, o que historicamente sempre lhe pertenceu, pelo menos na sua visão de mundo.

O resto dessa história pode ser assistida e explicada em detalhes pela mídia internacional, nesses tantos meses de conflito transmitido diariamente ao vivo e em cores pela TV.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 20/10/2023
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