Será esse o meu destino?

Quando me recordo desse fato e o associo a outros dois que aconteceram comigo relacionados ao mesmo assunto, a pergunta que me vem à cabeça é: Será esse o meu destino? Vou explicar melhor.

Lá pelo início da década de 2000, fui convidado pelo futuro genro de um tio para uma viagem à terra natal dele. Rapaz muito solícito e animado, que cativou todos na família com seu “mineirês” característico.

Aceitei o convite e partimos, eu, meu tio e o mineiro. Foram mais de 8 horas de viagem, incluindo uma travessia de balsa, para cruzarmos a fronteira entre São Paulo e Minas Gerais. Chegamos à casa da família do mineiro no final tarde.

Fomos recepcionados, com uma mesa farta de café da tarde, com direito a todas as guloseimas possíveis, e por uma bela chuva de verão. Aliás, naquela semana havia chovido muito.

Mesmo cansados da estrada, decidimos que íamos pescar, pois era um dos principais atrativos da viagem para nós.

Enquanto meu tio preparava os equipamentos, eu e o mineiro fomos procurar as iscas: as famosas minhocas. Fomos para os fundos da propriedade, que possuía terreno propício para procriação de minhocas.

Porém encontrei algo que chamou muito a minha atenção e deixei o mineiro procurar as iscas mais ao fundo do quintal.

Bem no meio do terreno havia um vaso sanitário, cravado na terra. Isso mesmo, um vaso sanitário. Algo bastante incomum para alguém da cidade grande.

Fiquei intrigado com aquilo e fui chegando próximo ao objeto para investigá-lo melhor. Porém, como já citei acima, havia chovido muito e percebi que os meus pés afundavam ligeiramente na terra encharcada.

Não me intimidei com o barro e fui me aproximando cada vez mais. Quando eu já estava bem próximo, aconteceu o inesperado: o chão cedeu. Eu, o vaso sanitário e toda a terra ao redor desabamos.

Num ato rápido de reflexo joguei meu corpo para frente e consegui ficar pendurado na borda do buraco. O tal buraco era uma fossa enorme, ligada diretamente ao vaso sanitário, que era sustentado por uma camada de tijolos e terra. Mas com toda aquela chuva e sem a cobertura de um telhado, o piso ficou frágil e não resistiu à minha chegada.

Ainda pendurado e olhando para baixo via o buraco lotado “de material orgânico”. Pensei: "Será que o meu destino é morrer dessa forma?". Agarrei com todas as forças e gritei por socorro, que foi prontamente atendido pelo mineiro.

Ufa! Respirei aliviado por ter escapado dessa.

Como saldo algumas roupas enlameadas e alguns peixes fisgados, pois mesmo com o susto fomos pescar e nos divertir, porque o show tem que continuar.

Douglas Borba
Enviado por Douglas Borba em 25/10/2023
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