Pescaria inusitada

Quando era adolescente, sempre ia pescar com meu primo e um amigo de infância. Íamos ao rio que passava próximo ao centro da cidade e geralmente voltávamos com alguns peixes na sacola.

Mas nesse dia pescamos por horas e não fisgamos nada. Esse fato ocorreu, pois havia chovido muito na véspera e o rio estava com o volume de água acima do normal. Resolvemos então nadar num remanso que era um ponto popular de recreação dos moradores da cidade.

Quando chegamos, nos deparamos com muitos meninos por volta dos 10 anos de idade nadando e se divertindo no rio. O clima estava agradável e convidativo para um banho de rio.

Entramos na água e começamos a nos divertir próximo ao grupo de meninos. Em pouco tempo eles saíram da água e quando iam regressando pela trilha do rio, encontraram um homem, aparentando uns 45 anos de idade, com um enorme enxadão no ombro.

Escutamos esse homem conversando com os meninos e julgamos que seria algum parente deles. Porém quando ele chegou próximo a nós, disse algo inusitado: “Vocês estão lavando as cuecas logo cedo aí?”. E repetiu seguidas vezes a pergunta.

Num primeiro instante, nós três achamos a pergunta engraçada, mas após a insistência daquele desconhecido começamos a ficar irritados e preocupados.

Indaguei-o a respeito do que ele acabara de falar e foi aí que escutamos algo mais inusitado ainda. Com a maior cara-de-pau ele nos disse: “É, vou dar uma aliviada ali no mato e já venho me lavar aí com vocês.” .

Nesse momento uma profunda indignação tomou conta de nós e quando o sujeito se embrenhou no mato para se aliviar, nós vestimos as nossas roupas e decidimos tomar uma providência: esse infeliz merece uma chuva de lama.

Enchemos nossas mãos de bolas de lama e o metralhamos.

Saímos correndo pela trilha do rio e quando já estávamos há uma boa distância, olhamos para trás e vimos o homem todo enlameado, com as calças na mão, correndo atrás de nós.

Em pouco tempo já havíamos nos livrado do perseguidor e pudemos parar para descansar e rir do que nos havia acontecido.

Naquele dia não pegamos nenhum peixe, mas trouxemos uma boa história na bagagem.

Douglas Borba
Enviado por Douglas Borba em 25/10/2023
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