Cortina de Estrelas

 

Um senhorzinho morava em uma casa de chão de terra batida e paredes de sapê.
Todos os dias à noite ele voltava a ser menino.
Fazia das estrelas a cortina de sua janela.
Fazia da lua a sua vela.
Iluminando a sua casa, o olhar cheio de esperança.
Não queria luxo. Queria ter a chance de sempre ver a vida por esse ângulo.
Fazia do céu um mar profundo de sonhos. Nele podia mergulhar e adormecer e sonhar com todas essas coisas bonitas que Deus nos dá.
O lúdico lhe fazia companhia e jamais sentia solidão.
Pois quando se é boa companhia para si mesmo nunca sozinho se sentirá.
Mesmo que precise sair do seu recanto para levar verduras para vender na cidade e os olhinhos das senhorinhas encantadas com o frescor e o verde vivo que em nenhum lugar há.
Junta-se aos jovens e crianças para contar seus causos e vez ou outra faz seu cigarrinho de palha - pois ninguém é de ferro.
Sobe em sua carroça muito grato a vida, por ser feliz com aquilo que lhe é necessário. Enquanto alguns desfilam com seus carrões achando-o miserável demais e ele pensando com seus botões como é que pode uma pessoa que tem tanto luxo ser tão mau humorado.
Volta para sua casa onde a lua lhe espera, as estrelas, o céu, o tempo, seu amigo cão espera a sua ração e seu aconchego e quer dormir mergulhando no mar do céu com a sinfonia dos grilos e o coaxar dos sapos.
- É meu amigo... não vejo a hora de voltar para meu paraíso - dizia seu Geraldo.
Com aquele olhar de menino ele segue todos os dias, sonhando com sua linda cortina de estrelas...

 

 

(Republicação, escrita original)
 

Publicado em: 14/02/2022

AdriSill
Enviado por AdriSill em 11/12/2023
Código do texto: T7951939
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