Caipira II

Como já disse anteriormente vivi em fazenda, quando criança.

Meu pai tinha lavoura de café, e quando da colheita, as sobras, que chamamos de "catação", ele as dava aos empregados.

Fora do horário de trabalho, eles voltavam ao cafezal e catavam os grãos de café que ficaram no chão durante a colheita.

Isso era uma pratica comum, quando patrões e empregados eram amigos e até compadres.

Nos finais de semana, os empregados preparavam o resultado das catações da semana e as levavam a cidade para comercializar direto com o comprador de café.

Em uma dessas, minha mãe queria saber com a comadre Salvina como havia sido a sua ida à cidade e então temos o relato que se segue no linguajar característico:

Eu minha fia cumadi cadela tomemo café i fumo,

Na portera mandei a cumadi pô tranca,

Mais na frente topei dando com uma vara de tocá gado,

Cheguemo na cidade e andemu sete rua e oito cu largo,

Ranhano cu meu ,cu da fia e cu da cumadi, deu 7 arroba.

Lune Verg
Enviado por Lune Verg em 11/01/2008
Código do texto: T813186