SABIÁ


No meu pé de manacá
entre flores perfumadas,
um solitário sabiá
entoa sua melodia delicada.

Você, que voeja pelo mundo
como eterno cantador,
fica mais um segundo
e alivia minha dor.

O meu peito feito ao meio
ilude-se com seu canto,
vestindo seu lindo gorjeio
para despir o desencanto.

Seu som retoca o tom da vida
onde a saudade macula a beleza,
a alma anda só e perdida
nas grades da tristeza.

A matéria perdeu a juventude
quando o amor silenciou,
o tempo em toda sua amplitude
a sentença final decretou...

Sonhos desfolhados ao vento
nos versos sempre dispersos,
a nostalgia do lamento
num espelho sem reflexo.

Meu olhar sempre distante
suspenso numa estação passada,
espreitando na linha do horizonte
a felicidade tão almejada.

Quem me dera meu sabiá,
desprender-me desse frio chão,
embrenhar-me em sua canção
e ter asas para bem longe voar!

2007
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 29/10/2009
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