A Cor da Saudade


Certo poeta-pintor, quase louco,

Uma verdadeira obra prima,

Propôs-se criar, pouco a pouco.

Decidiu retratar, de forma exemplar,

Deixando para a posteridade,

Todas as cores da saudade!


De branca cor vestiu a tela,

Qual inocente menino

Nascido puro e imaculado,

Envolto em pano fino,

Sem culpa e sem pecado,

Banhou-a de azul do mar,

Levou-a ao firmamento,


Mostrou-a ao áureo sol,

ao sombrio e incolor vento

E à negra noite serena,

Que em calmaria aguardava,

P'lo toque de entrada em cena

que há tanto tempo, esperava.



Em multicolores bebedeiras,

Entregou-se a noite á aurora,

Que com certa misticidade

Envolvia em seu manto lácteo,

Uma tal magia divina.

Trouxe-me em cores de saudade

Aqueles pedaços de sonhos,

Que inventei em menina!


Será saudade incolor

Ou toma qualquer cor,

Dependendo do jeito ou feição?

Embora a saudade exista,

Sua cor é invenção

De qualquer poeta triste...
Aguarela Matizada
Enviado por Aguarela Matizada em 15/07/2006
Reeditado em 20/05/2010
Código do texto: T194365
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