DESPERDIÇADOS MOMENTOS
 
 
Quando  a dor suplanta o amor
e o cansaço cede lugar ao desconforto,
decai um anoitecer intranquilo
onde a esperança veste o manto
acobreado do desgosto.
 
Sentimentos contraditórios
enegrecidos pelo véu da noite,
numa trajetória ilusória
que expira lentamente.
 
Nas cicatrizes do açoite
desse tempo imperfeito,
a desunião da humanidade
 aborta sem piedade a igualdade,
e vai acorrentando a liberdade...
 
Momentos fugazes
onde sonhos são ceifados,
vidas roubadas...
Lembranças amordaçadas
no grito que ressoa
num ar poluído e ressentido,
vinculados a laços sangrentos
e gemidos-lamentos sentidos.
 
Momentos de tormentos,
no recurvo entrincheirado de um caminho
cravejado de cruciantes espinhos.
No registro abstruso da retina,
que confusa não atina
o porquê de tamanho desatino.
 
Olhar que reluz a triste sina
onde o horror alucina
e o medo cala a alma,
que por imposição silente
interiormente clama em oração,
pelas mãos clementes da união
e a extinção de uma guerra insana,
cujo chão da Terra profana...
 
O amor é sacrificado,
na flor da vida decepada.
O desamor e a desigualdade
enodoam a vil história que se desfaz,
numa existência cruel e inglória
de momentos desperdiçados...
Descaminhos que não se abrem
para a passagem da Paz...
 
2006
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 01/08/2006
Reeditado em 03/07/2011
Código do texto: T206643