CANTIGA DE RODA

Thereza em poesia

De uma queda foi ao chão

Acudiram tres cavaleiros

Todos os tres sem chapeu na mão

O primeiro lhe deu mel

Melodia, doce som...

Compactuou com demais astros

Derramou fenômenos no cálice mágico

E condenou-a entre lobos e cordeiros....

Thereza emudeceu

Com um amargo gosto de fel...

Permaneceu dolorida...as mãos estendidas...

O segundo lhe trouxe o Sal

Flores, perfumes e odores

de lagoas , outros mares e Graal

Foi seu juiz

Julgou-a redentora

Condenada a si mesma...

Thereza perdeu suas palavras

No espelho de seu cavaleiro

Bebeu de seu cálice vocálico

Condenada entre as deusas guerreiras

A ser prisioneira dele mesmo

O terceiro não disse nada

Chegou com uma taça

E brindou para aliviar sua mágoa

Busca as mãos estendidas de Thereza...

Calejadas, doloridas, estendidas...

Teceu-lhe as riquezas das palavras

Trouxe presentes de outras eras:

Liras, cantatas, quadros raros

Tábua das esmeraldas...

Não lhe promete nada

Mas cobra-lhe ser Musa, Sereia, Rainha

Não lhe diz se é Ulisses disfarçado,

Lancelot fugido

Ou Arthur no julgamento de Guinevere...

Reveste Thereza com os encantos das palavras

Tece e desmancha o tapete

Sem dizer se a condena

Ou a absolve

Como uma simples mortal....

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Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 26/04/2010
Reeditado em 19/06/2010
Código do texto: T2220552
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