ESPOSA.

É feriado, não tenho nada para fazer. Então resolvi vir pescar no RIO DOCE.

A beira do rio pensei/lembrei do Cruzeiro que fizemos as FILIPINAS. Você deveria estar aqui comigo, você não me deixou nem ser ouvido, me amava tanto que começou a me odiar. Naquele dia nada fez sentido, você lançou tudo pela janela, até a melhor foto do nosso casamento. Não entendi! Tudo flutuava no mar e você ajoelhada no chão, me pedindo uma explicação. Eu não sabia responder, não sabia o porquê, não sabia se era você. Agora me lembro com angustia das suas lagrimas correndo sobre seu rosto, seus gritos sem motivo. Eu te amava (amo). Eram ciúmes? Eu não conseguia entender, me pediu para telefonar para o seu médico, ele disse que era a ESQUIZOFRENIA (paguei todo o seu tratamento pensei que estivesse curada). Chamei o medico a bordo ele disse que viria ate o nosso quarto imediatamente. Naquele momento eu cai ao chão e chorei. Você saiu do quarto gritando: ACABOU! VOCE ME TRAIU COM ELA! Ai sim, eu entendi tudo. Levantei e vi você no corrimão jurando amor eterno ao mar,(que amou desde criança) e ódio eterno a mim. Gritei "NAO FACA ISSO! EU A AMO! NAO É O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO (VENDO)!", e corri para segura-la, mas não houve tempo. Seu amor pelo mar foi maior (do que o amor que sentia por mim), se deu ao mesmo e ainda disse: VOCE VAI ME LEVAR PARA UM LUGAR FELIZ, MEU AMOR! Então você afundou. O medico chegou tarde, mas chegou a tempo de impedir-me de ir com você.

Sempre a amei, desde quando a vi pela primeira vez (fiquei encantado); quis você para mim. Lamentei-me, pois você não estava curada. No seu enterro (pois acharam o seu corpo) eu fiquei desesperado. Achei que a culpa era minha ou do seu médico, quis ate matá-lo. Mas lembrei-me da sua ingenuidade e mansidão (Amor), e então controlei - me próximo ao seu caixão.

Desde então fico assim, sem saber o que fazer sem saber se fui eu ou se foi você. Ainda penso na hipótese do mar, de amá-lo como você o amou e entregar-me a ele para ir para um lugar onde a beleza seria (é) você. Ainda que eu saiba que assim não irei vê-la de novo.

Peguei o negativo daquela foto, fiz uma copia, mas guardei-a no porão para não sofrer.

Ainda que esteja morta, és como uma criança em meu coração, que luta para viver.

Ainda A AMO!

Dayane Gomes Cunha
Enviado por Dayane Gomes Cunha em 25/12/2008
Reeditado em 02/10/2012
Código do texto: T1352676
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.