CONFISSÕES DA ADOLESCÊNCIA

"CONFISSÕES DA ADOLESCÊNCIA"

Eu, Heleno Alexandre, 35 anos.

Atualmente residente em São Gonçalo do Amarantes - CE.

Bem,   o que vou contar agora é um pouco da minha história vivida na adolescência.

Hoje, casado, pai de 3 filhos pequenos, muito bem empregado como Administrativo numa Empresa sólida, consegui comprar minha casa, meu carro, tenho alguma coisa para me manter e manter a minha família, sendo a principal delas e meu emprego.

Tudo isso, bem diferente de quando eu tinha 16 anos de idade.

Morando na Zona Rural de uma cidade pequena no Estado da Paraíba, fazia de tudo um pouco, dentro do "quase nada" que eu tinha. Trabalhava na roça, na maioria das vezes por diária ao dano ou administrador da Fazenda.

Aos domingos vendia dindin, geladinho, gelinho, chup chup, dudu, suquinho ( como é conhecido o dindin em cada região do Brasil ), cocadas, doces, salgados, essas coisas...

Durante a semana trabalhava pela manhã e estudava a tarde.

No início dos anos 90, quando eu contava 17 anos, chegou uma família para morar na Fazenda: um casal, com 3 filhos, sendo 2 filhos e um filha a qual vou chamar de Fer.

Como eu disse, trabalhava pela manhã e estudava a tarde na escola da Fazenda, e no trajeto da minha casa para a escola, não passava necessariamente, pela casa dela. No entanto, eu fazia esse "desvio" só para passar todos os dias no terreiro, ( em frente a casa dela )no intuito de vê-la.

Fer, uma mulher, ou melhor, uma adolescente linda. Estatura mediana, olhos castanhos, cabelos lisos, ela "um pouco meio" loira, sua beleza me encantava, e cada vez mais ficava apaixonado por ela. Seus pais eram bem sucedidos para a época, comparado aos meus pais.

E sempre ela se vestia muito bem, sempre andando maquiada, mas a sua beleza era natural e não precisava nada disso para ser a pessoa bela que era.

E cada vez mais eu me atraía na Fer, mas nunca desabafei ou abri meu coração para alguém da minha família, amigos, muito menos para ela, justamente por notar essa diferença social que existia entre ela e eu.

Minha timidez não era maior do que meu sentimento, mas a consciência e o temor não permitiam essa revelação, temendo a reação dela, (talvez se afastasse  ainda mais de mim).

O tempo foi passando e ela começou com suas primeiras paqueras. Eu ficava triste vendo a atenção que ela dava para os outros meninos e ao mesmo tempo ficava feliz por saber que meu amor chamava tanto a atenção de alguém, justamente por seu carisma e sua beleza. Lembro que uma vez vi um rapaz beijando ela no alpendre da casa dela.

Nossa! Não morri por pouco.

Até que um dia ela começou a namorar com um amigo meu, mas parecia não gostar tanto dele. Talvez a família dela também não  aprovasse esse namoro, o que já me dava um certo alívio e alimentava minha esperança de que um dia eu fosse ser seu namorado...

Aliás, sonhava com ela constantemente, namorando, fazendo planos, pensava um dia casar com ela e construir uma família.

Mas com o passar do tempo tudo foi ficando mais difícil.

Quatro anos, nessa paixão desenfreada, e ela ainda solteira, mas que já tinha namorado alguns rapazes, ela foi embora da Fazenda. Eu também consegui meu primeiro emprego de carteira assinada e tive que sair de lá.

Desde então nunca mais a vi.

Sempre pergunto por ela as pessoas próximas, mas pouco me falam sobre minha doce e amada Fer.

Sou casado há 8 anos e ainda não a esqueci completamente. A última notícia dela que tive é que estaria no Estado de Alagoas, casada, com filhos, vivendo super bem ao lado do marido.

Todo esse período que vivi esse amor difícil de ser correspondido me tornou mais forte, mais firme e capaz de entender os propósitos das nossas vidas.

O nosso destino mostra o roteiro da nossa história desse jeito. E cada página que escrevemos tem um significado diferente no contexto que diz respeito aos sentimento.

Hoje, 15 anos depois, sem vê-la,  parece está vendo ela na minha frente, sorridente, sem saber que  sou a pessoa que mais a amou no mundo.

Gostaria muito de ver uma foto dela hoje no Orkut de como ela está, ou receber uma mensagem pelo MSN. Mas não tenho qualquer roteiro dela.

Espero um dia falar pra ela desse amor que senti na adolescência, se estendeu e se estende até hoje na minha juventude. Espero um dia puder abraçá-la e quem sabe realizar o principal sonho da minha vida que é conviver e constituir uma família ao lado dela, mesmo já tendo construído as nossas.

Fer, quando você ler esse texto, essa pequena história, saiba que ela é real, pura e sincera.

Você vai continuar sendo a mulher da minha vida, meu primeiro amor que começou na adolescência e continua até hoje.

São Gonçalo do Amarantes, Ceará

14 de agosto de 2008

Heleno Alexandre

Heleno Alexandre
Enviado por Heleno Alexandre em 06/01/2009
Reeditado em 30/08/2022
Código do texto: T1370282
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