"Eu Preciso Dizer que eu te amo, te ganhar ou perder..."

Subi no palco, era o karaokê tolo de um lugar comum, mas o que eu sentia explodia pelos poros, eu estava sufocada, e precisava dizer, gritar, era preciso, antes que eu me desfizesse me desmanchasse em escala de cinza, peguei o microfone:

“Quando a gente conversa

Contando casos, besteiras

Tanta coisa em comum

Deixando escapar

Segredos...

E eu não sei

Que hora dizer

Me dá um medo

É que eu preciso dizer

Que eu te amo

Te ganhar ou perder

Sem engano

Eu preciso dizer

Que te amo, tanto...”

Segurando as lágrimas, o nó na garganta, todos os olhos em mim, minha cabeça rodando entre memórias e a vontade dilacerante de apenas dizer na melodia, com o tom, com a força, com a poesia das entrelinhas da canção, eu estava sangrando, me abrindo em publico.

“E até o tempo passa

Arrastado

Só prá eu ficar

Do teu lado

Você me chora dores

De outro amor”

Suspiro abafado...

“Se abre e acaba comigo

E nessa novela

Eu não quero

Ser seu amigo...

É que eu preciso dizer

Que te amo

Te ganhar ou perder

Sem engano

Eu preciso dizer

Que te amo, tanto...”

Alguns já gritavam batiam palmas, se soubesse que eu me desfazia ali não ficariam felizes, não era um show, mas um desabafo, eu estava morrendo, como um derrame, algo de interno que ninguém vê, mas que a vida simplesmente se finda com o que te dá a vida, seu sangue...

“Eu já nem sei

Se eu tô misturando

Eu perco o sono, uh! uh!

Lembrando cada gesto teu

Qualquer bandeira

Fechando e abrindo a geladeira

A noite inteira...

Eu não sei

Em que hora dizer

Me dá um medo

É que eu preciso dizer

Que te amo

Te ganhar ou perder

Sem engano

Eu preciso dizer

Que te amo tanto

Tanto...”

A ultima parte foi meio gritada, do fundo da alma, performance de um artista ou se tornou o gemido de um animal ferido, muitos aplaudiam de pé, e estava me sentindo mais leve, sorri, e vi, então, espantada você, ali me olhando, se sentindo reconhecido como aquele a quem eu cantava, do lado de uma moça, que encantada também batia palmas, me senti muito nua, mas admito que aquilo foi meu ultimo grito! Você ficou perturbado a noite inteira, me olhando de longe, eu sabia que aquilo mexeu com você, e por isso no fim da noite, uma mensagem no celular:

“Será que era pra mim? Se era por que não deu certo? Por que não me disse antes?”

Respondi:

“Você me chora dores

De outro amor

Se abre e acaba comigo.... sempre foi assim....”

T Sophie
Enviado por T Sophie em 08/01/2009
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