ESPERANÇA/ Capítulo 8º



Está certo disse ela, vou chamar o corretor e ele pode lhe mostrar alguns imóveis. Quanto ao relógio só mesmo o patrão poderá decidir se aceita ou não já que não é norma usual disse Lia.
Veja os imóveis disponíveis e depois do almoço o senhor volta para tratar do aluguel se acaso gostar de algum.
Ao sair na hora do almoço Lia viu Jorge que a esperava, com um sorriso nos lábios e uma rosa na mão.
Olá disse ele estou precisando trocar umas idéias com você e então resolvi convidá-la para almoçar comigo, aceita?
Nossa você nem imagina o prejuízo que terá com esse convite, disse Lia brincando, estou faminta, onde vamos almoçar?
Pensei em levá-la para almoçar em minha casa, Marina é uma ótima cozinheira, você poderá constatar.
Não sei se devo ir a sua casa Jorge, nem poderia lhe explicar, mas não gostaria de ir lá, pelo menos não por enquanto.
Mas posso convidá-lo para ir a minha casa, garanto que não vai se arrepender.
Está certo, vou aceitar, mas fica o convite, para quando você quiser, minha casa está de portas aberta para você, afinal devo lhe muito, desde que cheguei aqui tem sido meu anjo da guarda e me ajudou muito mais do que pode imaginar.
Só fiz o que qualquer outra pessoa faria no meu lugar, você precisava de ajuda e eu tentei ajudá-lo, nada mais que isso.
Saiba que não foi nenhum sacrifício acompanhá-lo para conhecer nossa bela e encantadora cidadezinha que eu adoro. Alem disso você é uma ótima companhia, observou Lia.
Quando parei nessa cidade, jamais poderia imaginar que conheceria um anjo de verdade, falou rindo Jorge.
Vamos parar com tantos elogios que não estou acostumada com isso brincou ela.
Chegando a sua casa, Lia o apresentou aos pais, que ficaram felizes e surpresos com essa inesperada visita já que era a primeira vez em anos que Lia trazia alguém pra casa.
Lia explicou como conhecera Jorge, e que ele estava se sentindo muito só na cidade onde ela era sua única conhecida.
Durante o almoço, Lia falou com o pai a respeito do desconhecido que aparecera na imobiliária, e sua proposta absurda.
Imagine dar um relógio que parece ser caríssimo, em substituição ao cheque caução, não é estranho?
Ah, e o relógio tinha as iniciais L T. no verso, ele disse que era da esposa dele que havia morrido num acidente.
Preferi deixar para o senhor resolver esse caso, se bem que a pessoa não me passou uma boa impressão, parecia que estava mais a fim de se livrar da jóia.
Francamente não acreditei muito na história que ele contou, me pareceu uma coisa falsa.
Jorge quase se afogou com a comida ao ouvir as iniciais do relógio.
Você disse L T. pergunto aflito?
Minha esposa usava um relógio assim no dia em que aconteceu o acidente em que ela morreu, e até hoje nunca foi esclarecido.
Por muito tempo eu vivi em desespero, até que resolvi sair da minha cidade, onde tudo me lembrava Laura, Vim embora, porque não suportava mais andar nos mesmos lugares onde vivemos juntos.
A saudade estava me enlouquecendo, e eu resolvi sair sem destino e vim parar aqui onde a primeira pessoa que encontrei foi você Lia, que mais parece ser um anjo. E é logo você que me da essa notícia que há tanto tempo eu espero, essa é a primeira pista do que pode ter acontecido aquele dia a três anos atrás.
Tenho certeza que esse encontro entre nós não foi por acaso,
Alguém deve estar me guiando para conhecer o mistério da morte de Laura.
Ele implorou suplicante para que o pai de Lia segurasse a jóia para que ele pudesse ver, ou que o deixasse estar presente na hora em que o homem voltasse à imobiliária, queria poder ter certeza de que era mesmo o relógio que sua esposa usava no dia do acidente.
Tudo bem disse o pai de Lia, vamos ver o que podemos fazer, e você minha filha, de repente ficou assim tão calada, com um olhar perdido, o que houve?
Jorge, como foi o acidente da sua esposa? Ela estava sozinha?
Não, disse Jorge, havia um rapaz com ela, mas não sei quem era, nem porque estavam juntos, tudo é muito misterioso, Laura não devia estar naquele lugar, não era o caminho que ela fazia.
Eu quase enlouqueci tentando descobrir porque e com quem Laura estivera naquele dia fatídico, mas nunca cheguei a nenhuma conclusão.
Lia falou sem olhar para ninguém, como se estivesse falando para si mesma.
Ela estava com Pedro, o meu noivo, só não sei como nem porque, afinal Pedro e eu nos amávamos e íamos nos casar em quinze dias quando isso aconteceu.
Mas eu tenho certeza que Pedro não me trairia, ele era honesto demais, e tenho profunda confiança nele e no nosso amor.

Continua...