ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS

Tinha entrado de férias.

Afinal, iria tirar alguns dias e me dar o direito de descansar e me divertir.

O trânsito estava insuportável, como sempre, mas naquele dia estava além da conta!

Fiquei no mesmo lugar por algum tempo e como por encanto o trânsito começou a fluir.

Andei por alguns metros e comecei a ver o motivo da retenção.

Era um acidente sem grandes proporções. Parecia que só uma pessoa tinha se ferido.

Os carros foram retirados para o acostamento e aguardavam a ambulância, que naquele engarrafamento, seria dificílima de conseguir chegar

Reduzi um pouco a velocidade para observar melhor. Dizem que é assim que os curiosos provocam novos acidentes, mas no meu caso, era por uma boa causa. Era pura preocupação. Queria saber se estavam precisando de ajuda, pois sou médica.

Liguei a seta e parei no acostamento.

Por sorte estava com a minha maleta. Parece que ela já faz parte de mim. Dirigi-me para onde estava o ferido.

Pedi que se afastassem um pouco para poder ver o moço que estava sentado encostado no muro.

Veio um desses policiais marrentos, querendo impedir a minha passagem. Informei-lhe que era médica e estava somente tentando cumprir o meu dever de profissional e humanitária.

Sem graça, permitiu que chegasse até o acidentado.

Vi que era um homem de uns trinta anos Estava com um corte na testa e com bastante sangue no rosto.

Depois dos procedimentos de rotina, vi que não parecia nada grave, mas era conveniente que fosse até um hospital.

Pediu-me, por favor, que o tirasse dali. Estava ficando nervoso e agoniado com aquela situação.

A ambulância não chegava.

Perguntei ao policial se teria algum problema ,removê-lo em meu carro para levá-lo ao hospital mais próximo e assumiria as responsabilidades necessárias.

O acidentado foi colocado no meu carro com cuidado

Chegamos ao hospital e depois de algumas burocracias, o moço foi atendido.

Por Deus tudo que eu concluí estava certo.

Só levou mesmo os quatro pontos na testa. Brinquei com ele, que não deu pra fazer a sena, só a quadra!

Depois que o rosto dele estava limpo de toda aquela sangueira, olhei

pra ele com mais atenção e reconheci alguém. Mas quem!

Lidava com muitas pessoas todos os dias. Era impossível guardar todos os rostos.

Observei que desde o minuto que cheguei perto dele, observava-me com muito interesse também.

Terminados os exames e a sutura, foi liberado pra nossa alegria. Tinha sido um tremendo susto, mas a saúde estava perfeita!

No momento que saímos do hospital, o nosso olhar se encontrou. Fiquei presa naquele olhar por segundos.

Senti uma grande emoção. Meu coração acelerou. Parecia conhecê-lo há muito tempo.

Inesperadamente, ele pegou as minhas mãos e apertando-as perguntou:

- Não está lembrando de mim?

Fiquei sem ação.

Será que a gente se conhecia ou era uma bela cantada!

Ele continuou:

- Lembra o ano de dois mil? No Hospital Miguel Couto? Fiquei aturdida! Era onde fiz a minha residência médica. Mas aconteceram tantas coisas especiais.

Tentei fazer uma retrospectiva daquele ano.

Foi quando num flash, lembrei. Sim, só podia ser ele!

Meu Deus! Como o mundo, é pequeno e a vida nos dá tantos motivos para acreditar que o acaso n existe. Estava admirada!

O rapaz, vendo a minha fisionomia de espanto, recomeçou:

- Sim, Yvy, sou eu mesmo. Lembra daquele rapaz tímido, introvertido e que sempre esperava você e a sua amiga para almoçarmos no restaurante do hospital?

A minha mente ficou clara. Era Rafael. O meu melhor amigo e por quem sempre tive um amor platônico.Era o rapaz mais lindo e cobiçado daquele hospital e por quem a minha melhor amiga era apaixonada.Pensei que ele também era apaixonado por ela, pois sempre nos esperava.

Quando acabamos a residência, perdemos o contato. Nunca mais soube dele e agora o destino nos pregou uma peça.

Estávamos ali, numa situação inusitada.

Parei, não sei por que e encontro a pessoa que mexeu tanto com o meu coração!

Ele tirou-me das minhas introspecções dizendo:

_Yvy, sempre te amei e pedia a Deus outra chance para ter a minha felicidade recuperada.

Ele me deu outra oportunidade. Essa eu não vou perder por nada!

Olhei para ele e sorri. Era uma emoção muito forte. Também o amava em silêncio e a fatalidade nos reuniu novamente!

Parecia um momento mágico.

Abraçamo-nos.

Parecíamos querer recuperar o tempo perdido.

Enquanto abraçava Rafael, a minha mente flutuava e confirmava o que sempre acreditei! O nosso destino está escrito nas estrelas e o acaso não existe!

Casamos e como se diz nas estórias de contos de fadas:

”Foram felizes para sempre”.

O nosso sempre é hoje!

Vivemos com intensidade cada momento que passamos juntos e se tiver que ser para sempre mesmo...

Será!