ATÉ O DERRADEIRO FINAL

Ainda ontem, e isso já transcorreu quarenta e poucos anos, lembro-me que estático quedei diante do banco ainda conservado naquele jardim onde tudo começou entre nós, e perdido no tempo vaguei... Vaguei pra poder novamente encontrar e sentir aquele mundo onde tudo teve início. Primeiro aquele namorico sem maiores consequências, aquelas rápidas olhadelas na esperança que nossos olhos se cruzassem para que soubéssemos da mútua aprovação. Na ausência por qualquer motivo ou mesmo quando outras pessoas ali se encontravam, o dia todo era totalmente perdido e o domingo não era domingo, pois se via tudo menos o começo da felicidade que em nós desabrochava.

Como o tempo não descansa, ele fez com que os dias e anos fossem passando, até que ocorresse um período de distanciamento e as primaveras passaram...

Transformações, infância para adolescência, estado adulto e no mesmo jardim um belo dia, um casual encontro, os mesmos olhares, os sorrisos despontando em nossos lábios demonstrando contentamento irreprimível e transbordante, como se fôssemos a confluência de um rio em sua forma homogênea.

Depois dessa aproximação onde continha todas as condições essenciais para concretização das

primeiras palavras, das primeiras rosas para combinar com a parte rósea de nosso encontro, o primeiro apertar de mão,

o primeiro passear pelo jardim de uma forma tão clara que todos que nos cercavam sentiam o que se passava em nossos corações.

Lembro-me ainda, e com muito carinho o nosso primeiro beijo que ocorreu neste mesmo banco que contemplo que apesar do tempo não envelheceu. E foi tão gosto o beijo que no local onde nos beijamos, as flores ali existentes não perderam o seu viço, e se não estou enganado, elas fazem questão de florir o ano todo em in-memoriam ao nosso romance.

Interessante, trago ainda vivo em minha mente aquele ânsia incontrolável que nos arrebatava, evidenciando o desejo de nos unir para sempre, e foi o que aconteceu.

E assim, nova fase como o primeiro lar, os rebentos que foram chegando um a um, os netos como os primeiros cabelos brancos que também fizeram questão de chegar.

Mas deixa-me contar uma vez mais como já fiz por diversas vezes, o meu relembrar nada mais é do que exibir a alegria, a felicidade que nos cingiram e que nos cingem até hoje apesar desses quarenta e poucos anos em que juntos vivemos.

Não podemos deixar de lembrar até quando pudermos de tudo o que nos envolveu, fomos e somos uns afortunados desde o princípio como somos agora rodeados por este fecundo sentimento que é nosso e que será, até o derradeiro final...

Wil
Enviado por Wil em 05/02/2009
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