O DOCE PRAZER DO AMARGOR - Cap. I

Havia muitas pessoas no parque. Muitas vozes e risadas. A noite estava linda e a lua imperava, cheia e soberana no céu. As muitas luzes coloridas deixavam tudo mais bonito e a música animada completava o cenário de alegria. Fui então relaxando, gradativamente.

Eu estava um tanto triste, meio vazia de alma e só estava ali por insistência da Sônia. Entretanto, o clima festivo do parque serviu para desanuviar a minha mente e decidi aproveitar e me divertir.

Sônia estava sozinha e aflita por encontrar um namorado. Assim, escolheu a barraquinha onde havia uma concentração maior de homens e me chamou para irmos até lá, como quem não quer nada. Aceitei, mas apenas por causa dela. Bem, talvez um pouquinho por mim também.

Era uma barraca de jogo de argolas e havia poucas mulheres ali. Sônia acertou em cheio na escolha do lugar de caça, pois em pouco tempo já havia se esquecido completamente de mim e conversava, muito animada, com um rapaz ali perto. Dei de ombros e fiquei acompanhando as apostas e observando as pessoas. Foi então que meus olhos se depararam com o dele pela primeira vez. Era um rapaz muito charmoso, uma mão estava no bolso e com a outra, atirava argolas com precisão. Ele sorriu abertamente para mim logo que nossos olhares se encontraram, e me disse:

- Vou ganhar um prêmio pra você.

Sei que meus olhos se arregalaram. Eu não esperava uma atitude tão direta, mas não posso negar que gostei bastante. Fiquei em silêncio e expectativa. Com um sorriso confiante ele lançou a argola e acertou. Soltou uma gostosa gargalhada e não pude deixar de rir junto. Ele pegou o prêmio, uma maçã do amor, e me deu, com um floreio. Aceitei e agradeci. Passamos a caminhar por ali mesmo, de mãos dadas, conversando. Quis saber meu nome e eu lhe disse que era Ana. Seu nome era Francisco. Falou-me de sua vida. Ele saiu da roça aos 18 anos, sozinho, para tentar a vida na cidade grande. Decepcionou-se. Mas não se deixou abater pela desilusão, nem por estar só. Não conseguiu emprego, então aprendeu a se virar com o trabalho informal. Entre tantas outras atividades, ele fazia maçãs do amor.

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Maria Buluca
Enviado por Maria Buluca em 13/02/2009
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