Espontaneo 02
É ano novo. Fogos de artifício ainda explodem no céu. Distante, se ouvia o barulho e as luzes que se espalhavam pelo ar. No quarto à meia-luz, eles compartilhavam da presença um do outro.
— Essa sensação é estranha, não? – ele fala, quase sussurrante.
— Um pouco. – ela responde, tranquila – É o vento da novidade.
— O que acontecerá agora?
— Ah, querido. Não tem como a gente saber.
— Mas, e como poderemos controlar isso? Como garantir que ficaremos bem? Que resistiremos às discussões, às crises?
— Tudo está sob controle, me u amor. Você tem a capacidade de reconciliar os que te cercam; eu, compreendo o intimo do seu interior. Poderemos vencer todas as coisas.
Barulhos distantes de brindes e banquetes ecoam ondulantes no ambiente. Ele, sentado ao pé da cama, ela, recostada sobre a janela, olham-se mutuamente. Somente seu perfil à luz noturna já acalmava o coração confuso dele. Suas vozes, baixas, respeitavam solenemente aquele momento mágico, onde se entendiam muito mais sem verbalizações.
— Mas o futuro é incerto. Mutante. E quando nossas opiniões, nossas vontades forem diversas? Quando você partir para conquistar o mundo, como te manterei junto ao meu coração?
— Conseguirás meu coração quando conseguir me cativar. As palavras e atitudes certas farão de você a pessoa que preciso e que quero para me acompanhar, seguro que mesmo distantes, estaremos unidos em qualquer circunstancia.
— E você esperará até que eu me torne essa pessoa?
— Esperarei, se continuar a ver a sua dedicação e determinação para melhorar, para crescer, sendo gentil e bondoso, vencendo as suas crises internas, para me ajudar nas minhas próprias.
Os corpos se atraem magneticamente. Ainda sob o luar, lábios ansiosos e pacientes se encontram, sem pressa, enquanto todos os pensamentos se dissolvem numa paz divina.
— Essa é a beleza da vida. – ela o ensina, seus olhos brilhando – Temos o poder de mudar o mundo.
Os fogos de artifício ainda iluminam a abobada celeste. A vida continuaria, revelando pouco a pouco o futuro belíssimo que estava por vir.
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