A TIGRESA

A Tigresa

Passa-se duas semanas e Rose me telefona e pede para eu ir a sua casa, pois ela gostaria de falar comigo. Na mesma hora parti para sua residência. No caminho fico a pensar no que poderia estar acontecendo com a tigresa. Várias coisas me vêm à cabeça, mas não chego a lugar nenhum e esta situação me deixa confuso, coisa que não gosto, pois sou apreciador das coisas bem claras e transparentes.

Chego lá, ela já está a minha espera e me faz entrar. Linda como sempre, trajando uma roupa mais caseira, mas muito confortável que lhe permitia qualquer movimento com o corpo. Parecia que o vestido tinha sido criado para ela, dando-lhe total liberdade de movimentos.

Aguardava-me ansiosa pelo que pude perceber. Senti isto quando me deu um abraço forte de quem estivesse precisando de ajuda. Parecia estar se sentindo muito só.

Sentei-me no puf da sala e pedi para ela, o favor de me arranjar uma coisa gelada para beber, pois estava com a garganta seca e fazia muito calor neste dia. Virou-se e foi até a cozinha me trazendo uma garrafa de água e um copo. Ela sabe que bebo muita água, ainda mais quando está geladinha, o que saciou a minha sede.

Coloquei-a sentada no meu colo e pedi para ela me contar o que estava acontecendo de tão sério. Percebia seu medo mesmo antes dela falar. E como ela era muito reservada foi difícil dizer o que estava acontecendo. O assunto era rodeado por todos os lados, parecendo ser mesmo uma ilha que é cercada de água por todos os lados. Com muito custo ela abriu o verbo.

Eu atentamente a ouvi e ponderei o que achava das duas situações em questão. A primeira, uma briga familiar com o irmão. O Flávio que ela adora, tinha deixado marcas de tristeza em seu coração. Argumentei que o irmão estava certo na questão em si, assim acabou concordando comigo, pois o Flávio tem a cabeça no lugar e só queria o bem dela. A segunda coisa, hoje em dia é comum no Brasil, falta de emprego. Ela é uma mulher capaz de enfrentar qualquer barra e não estava conseguindo uma nova colocação no mercado após sua demissão, mas sei que está difícil hoje para todo mundo. Também não sabia que isto a fazia sofrer tanto, pois nunca tinha me comentado nada a respeito. Propus a ajudá-la, por ter um grande número de amigos empresários e sendo ela uma pessoa capaz, tentaria arrumar uma nova posição para ela se sentir produtiva novamente e poder voltar ao mundo do consumismo, que é o sonho de toda mulher.

Enquanto fui assistir o jornal na televisão, já era bem tarde, a meiga Rose foi se banhar, pois estava querendo ouvir e ver as últimas notícias, o que estava acontecendo no mundo naquele dia. Nesta hora, eu já estava deitado no sofá da sala. A informação de tudo para mim é muito importante para poder ter uma visão globalizada de tudo aquilo que nos cerca, para que possamos formar uma opinião dos fatos reais e não em especulações, pois hoje em dia os especuladores estão com os dias contados sobre a nova realidade mundial, que de uns tempos para cá, mudaram assustadoramente em todos os seguimentos do mercado. Sempre temos de estar atentos a estas mudanças para não sermos engolidos por elas, porque são constantes.

Nisto adormeci ali mesmo. Ruth abriu a janela da sala onde eu dormia para que a brisa da noite pudesse entrar livremente. Nisto, para não me incomodar, pois ela sabe que tenho dificuldade para dormir, trouxe um lençol bem fino e jogou por cima de mim e recolheu-se para seu quarto, para descansar também.

Pela manhã acordo. Fui até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Neste trajeto passo pelo quarto, a porta está aberta, começo admirar aquele monumento de mulher estendida ali naquela cama tão docemente, trajando só uma mini-blusa transparente e uma calcinha do tipo tanga bem cavada. Por alguns segundos fiquei ali na porta admirando aquilo tudo, mas o compromisso já acertado falava mais alto. Então fiz de conta que não vi nada, nem um beijo de despedida eu lhe dei, com medo de acordá-la e prender-me ali. Não sei se iria agüentara muita coisa se ficasse muito perto dela naquele estado, pois o amor é demais.

Já tinha um compromisso acertado com minha sobrinha, a Paula, de oito anos. Tinha prometido levá-la numa apresentação de dança do seu colégio, onde faria parte em um dos números apresentados. O seu pai não poderia acompanhá-la neste dia e ela que gosta muito de mim veio me pedir isto. Ela tem um jeito especial que me cativa muito, parece até que ela sabe disto, mesmo com pouca idade sempre consegue tudo de mim.

Depois de levar a menina a seu compromisso, já tinha agendado outra coisa com um vendedor de uma empresa, para ser feito um orçamento de um material para a loja que estou montando. Este encontro foi marcado para treze e trinta horas, mas o rapaz só pode comparecer depois das quinze horas, alegando defeito no carro. Mas já que eu estava no restaurante do meu cunhado e sócio, não dei muita importância para coisa. Se estivesse só esperando tal pessoa, tenho certeza que a conversa seria outra, pelo fato de me conhecer e por ser muito certo com as minhas coisas e com as pessoas com quem mexo ou tenho algum envolvimento, tanto profissional ou pessoal.

Depois destes contra tempos que tivemos neste dia, convidei a Rose para irmos à casa de um amigo. Esta casa é uma hora de carro. È uma espécie de sitio onde teríamos de tudo. Ela estaria vazia e estaríamos sem ninguém para nos incomodar. Falei ainda de ter uma bela piscina com um pomar cheio de frutas deliciosas. Este meu amigo era agrônomo e cuidava bem do lugar, sem falar da sauna, uma mesa de sinuca e muitas outras coisas que tinha no lugar e que desejaria passar um dia lá com ela, só descansando e curtindo o belo sítio. Seria bom para ela também aliviar um pouco a tensão que era sua companheira daqueles dias em função da sua situação de desempregada.

Falei com ela que se quisesse poderia convidar alguém para ir com agente não teria problema, seria até bom para termos companhia na hora que fôssemos jogar alguma coisa, etc.

Ai se entusiasmou mais ainda, mais do que já estava. Ela chamou a Ana, uma grande amiga que já conhecia de muito tempo e o Alexandre seu namorado. Eu já os conhecia também. Ele é uma pessoa de cabeça muito boa. Era um casal da melhor espécie e bom para nos acompanhar naquele tipo de passeio. A conversa se tornou agradável e descontraída e isto foi muito bom para Ruth que estava precisando um pouco de descontração.

Primeiro foram arrumar as coisas que havíamos trazido para nossa estadia ali naquele lugar perfeito para “qualquer coisa”, só bastava querer que acontecesse da forma mais meiga e natural, um relacionamento homem e mulher.

As duas meninas foram colocar seus biquínis no vestuário ao lado da piscina. Quando as duas beldades deixaram aquele lugar o dia teve um novo clima, com tanta beleza juntas em duas mulheres e com aqueles trajes reduzidos, excitava-me de montão, mas me calei para não dar bandeira. Nesta hora eu e o Alex já estávamos dentro d’àgua bebericando uma cerveja que estava no ponto de ser tomada, se tivesse mais gelada estragaria.

As meninas se deitaram nas cadeiras espreguiçadeiras previamente preparadas por mim e pelo Alexandre para suas acomodações. Ao lado foi colocada uma mesa com uma tábua de frios variados e com uma bandeja de pão de queijo, caso elas estivessem com fome estaria já nas mãos delas o que comer. Na mesa constavam ainda duas cadeiras normais, fora os refrigerantes que estavam ali também.

O sossego era total naquela manhã. Os raios solares aqueciam nossos corpos, mas sem maltratá-los. Enquanto isso a conversa era gostosa. Há muito tempo não me sentia tão bem com a companhia de um casal como estava com a Ana e o Alexandre. O Alex, para os de casa, e eu depois de termos ficado um bom tempo dentro na piscina resolvemos jogar uma partida de sinuca. O salão onde ficava a mesa era perto de onde estávamos e poderíamos continuar observando nossas estrelas de lá. Eu esqueci nisso de um detalhe fundamental, que eu tinha só noções do jogo, enquanto o Alex era fera naquilo. Sentia-me até envergonhado pela situação, mas valia tudo neste dia.

Viro-me para a piscina e não vejo as duas feras. Penso comigo mesmo que devem ter ido ao banheiro ou coisa parecida. Continuamos a jogar. Não, a perder. O tempo inteiro que nós jogamos eu não ganhei nenhuma vez.

Repentinamente eu e o Alex ouvimos um grito vindo de dentro da casa. Corremos para lá querendo saber o que estava acontecendo. Era a Ana que não se sentia bem. Transpirava bastante, com enjôo, mas não tinha vontade de vomitar. Sentia-se tonta parecendo que iria desmaiar. Na mesma hora me lembrei de um velho amigo que tinha tido estes sintomas, quando procurou um neurologista e acabou descobrindo a causa deste problema que o atormentava. O Alex é amicíssimo de um ótimo neurologista, por telefone fez contacto com o Dr. Ronaldo Chaves que atendia no Hospital Vida e Saúde. Por esta amizade ser muito forte o Dr. Pediu para levá-la direto para ao hospital. Ele estaria lá à espera dela e atendê-la num piscar de olhos. Arrumamos nossas coisas e partimos para o hospital. No caminho a doce menina já parecia bem melhor.

Chegando lá ela foi direto fazer um eletro encefalograma. Todos nós estávamos apreensivos com seu estado. Eu não sei por que, mas eu era o menos aflito, entretanto não sabia dizer o porquê. O Dr. Ronaldo chama o casal no consultório para conversar deixando eu e Rose do lado de fora. Não passou muito tempo e os dois saíram do consultório. Suas fisionomias estavam razoáveis pelo que a jovem passou.

No final das contas ela teria de tomar dois remédios durante muito tempo. Um deles tem o preço elevado. Foi o que imaginei ser mesmo, caso do Luiz.

Até contei-lhes o caso para não precisarem pagar tal medicamento. Tem todo um processo por trás dele para conseguir este beneficio, mais vale a pena.

Saindo do hospital deixei os dois na casa da Ana e rumei para a casa da Rose para poder deixá-la lá. Também por ela estar esbodegada com toda aquela situação que nós envolvemos naquele dia.

Voltei para minha casa para descansar um pouco desta louca aventura vivida, mas creio que tudo nesta vida é válido como sinal de amadurecimento interior. Sempre tento ajudar alguém quando precisa. Este foi sempre o meu lema de vida.

Depois de um longo tempo, resolvo ir ao Mineirão ver o meu glorioso time jogar. Primeiro convido a Rose que fala que não está com vontade, por não ser muito ligada a futebol. Concordei com ela. Aí perguntei ao meu velho e querido pai do seu desejo de me acompanhar ao estádio, ele que é um torcedor fanático do glorioso, qual era a sua vontade, pois pela sua idade avançada estava atualmente complicando um pouco. Pensei que ele não quisesse ir mais ao campo de futebol, mas até brincou comigo que era o único filho que ligava para ele, além de um outro que mora fora do Estado, que preocupa com ele. Isto me tocou fundo, pois ele sempre foi muito carinhoso com os filhos. Disse que sente muito a falta dos filhos ao seu lado, ele que sempre foi um pai e tanto para todos nós.

Até que enfim o glorioso conseguiu um resultado positivo depois de oito partidas sem vitórias. Creio que agora ele está no caminho certo. É preciso estruturar o clube primeiro para depois montar uma equipe. Se não for assim nunca teremos nem uma coisa, nem outra, pois eles têm que andar sempre juntos, com o apoio da massa que sempre foi fiel em todos os momentos da história do time.

Meu pai ficou super feliz de ter ido ao jogo e ver seu time ganhar. Isto lhe deu outro ânimo de vida, pois esta é a sua única alegria de vida depois da perda da minha mãe.

Deixando o velho na casa dele resolvi dar uma namoradinha. Estava morrendo de saudades da Ruth.

Sentia nela desejos reprimidos. Também mediante tudo aquilo que estávamos passando, nesses desacertos que a vida nos pregava continuamente, hoje queria demonstrar para ela todo meu amor e carinho.

Aportei lá por volta das vinte horas quando começamos a namorar tranquilamente e neste dia nada nos atrapalhou. Depois de um namoro carinhoso e gostoso adormecemos, colados um ao outro. Nós dois precisávamos daquilo, pois cada um completa o outro.

É maravilhoso tê-la ao meu lado por ser ela uma mulher e tanto.

Escritordsonhos
Enviado por Escritordsonhos em 13/04/2009
Código do texto: T1537603
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