Encontro

A areia era marcada por seus passos, ele corria sozinho a beira do mar com seus pés descalços, vestido apenas com uma bermuda e sem nenhum outro adereço. O vento soprava contra seu peito, o sol cegava parcialmente seus olhos, os passáros no chão revoavam em sua direção, conforme se aproximava deles, mas ele seguia confiante, correndo sem parar, sem descançar, como se nada pudesse pará-lo, como soubesse o que queria encontrar e onde encontrar.

Enquanto corria, algumas pessoas olhavam para ele e se perguntavam, porque ele corria daquela maneira e, sozinho? será um ladrão, mas ele não leva nada e, não aparenta ser um delinquente? será que está fugindo ou indo ao encontro de alguém, mas quem seria? será que ele é louco, porque corre desta maneira?. Enquanto as pessoas indagavam, ele continuava correndo e sentia emoções profundas se manifestarem em todo seu corpo, emoções que só ele podia sentir e que lhe diziam; continue correndo e não pare, siga em frente, apenas siga em frente. Motivado, ele permanecia correndo, sentia o vento acariciar seu rosto com leveza, sentia o toque dos grãos de areia em seus pés, sentia as palpitações de seu coração cada vez mais vigorosas, sentia um leve e excitante formigamento se espalhar pelo seu corpo em um ciclo contínuo. Parecia magia, ele sentia-se liberto de todas as fraquezas, de todas limitações, de todos os medos, de todos preconceitos, do tempo e do espaço, de toda tristeza que antes o assolava tanto naqueles dias. Naquele momento único até então em sua vida, sentia que era o senhor de sí mesmo e conseguia compreender que gozar a liberdade era de algum modo estar ligado, sintonizado a tudo a sua volta de uma forma admirável e incomunicável através das palavras.

De repente, ele parou, olhou em um rochedo e avistou lá no alto algo extremamente brilhante, que praticamente cegava seus olhos com tamanho explendor, apesar da cegueira, ele voltou a correr, agora em direção aquela luz. A medida que se aproximava, a visão foi ficando mais nítida, a ponto de conseguir visualizar um rosto, um rosto mais e mais belo a medida que foi se revelando a seus olhos, a cegueira de antes, agora já não era mais, e seus olhos podiam contemplar aquele rosto, tão belo e, o brilho intenso que havia lhe cegado, era nada mais que o brilho dos olhos de alguém que buscava o mesmo que ele, o brilho para ele era tão intenso, porque ele tinha despertado a capacidade de reconhecer a pureza de sentimentos, ele havia esperimentado a comunhão com o divino, podia então ver o que os outros jamais poderiam ver com sua ignorância.

O sinal foi dado, imediatamente ele sentiu que tinha encontrado o que procurava, não precisava mais correr, o que mais queria naquele momento era abraçar o mundo e, não hesitou, abraçou aquele alguém, sentiu o mundo lhe abraçar com tamanha ternura, que não podia conter as lágrimas de felicidade. Seguido de beijos calorosos, carícias recíprocas, o corpo foi se entregando naturalmente ao prazer e a mente em paz pode gozar em dois mundos o extase do amor...