DUVIDO III 

O RETORNO



Ao chegar ao Rio de Janeiro, Ana nem espera o marido retornar de viagem, liga para ele em Brasília e diz: Precisamos conversar, conheci uma pessoa e estou apaixonada, portanto, não tenho mais, nenhuma condição de permanecer casada contigo.

O marido tentou saber de como isso havia acontecido, mas Ana, não quis entrar em detalhes, disse apenas que, o que mais interessava era que a relação dos dois não poderia mais continuar e logo a seguir liga para Marcelo. _ Oi meu amor, já cheguei, mesmo tendo combinado, não consegui deixar de ligar para o meu marido avisando que não poderia mais estar casada com ele, pois, havia me apaixonado por você.

Marcelo fica preocupado com tudo aquilo e da maneira que tudo estava acontecendo tão rápido, por outro lado se sentiu verdadeiramente amado por Ana. Mesmo assim, ponderou pedindo que não tomasse nenhuma atitude precipitada. Ana faz Marcelo entender que poderia viver com o marido sem sexo, como viveu por anos, mas, não poderia viver com ele nem mais um dia se estivesse amando outra pessoa. Mesmo preocupado Marcelo, entende a atitude de Ana.

A partir deste dia, um parecia viver em função do outro nem a distância entre os dois, conseguia evitar que um não sentisse a presença do outro em suas vidas. A felicidade estava em alta, ria-se por nada e tudo era motivo de mais risadas.

À noite, chega de viagem o marido de Ana. Ela já havia preparado uma maleta com algumas roupas para ele. Ao chegar depara-se com Ana na sala. Ela se levanta diz que sentia muito tudo aquilo, mas, foi algo que não pode evitar. O médico quis saber de como as coisas aconteceram, Ana achou por bem não feri-lo mais ainda, contando para ele os detalhes. Explica apenas que, o melhor seria que dormisse em algum hotel até que acertassem de como conduziriam a separação. O marido sem mais o que dizer, pegou a maleta e saiu de casa. Em casa, Ana espera os filhos chegarem para comunicar que daquele dia em diante ela e o pai deles, não estavam mais casados. Aquilo havia soado como bomba nos ouvidos dos filhos, principalmente no do rapaz que não conseguia entender que sua mãe, havia trocado seu pai por outro homem.

A separação criou um certo desconforto em toda família, entretanto apaixonada, Ana não dera importância e sempre se mostrava decidida nesta questão. Seu filho passou a vigiá-la se aproximando dela sempre que usava o computador, achava que assim, pudesse obter alguma informação do homem com quem sua mãe estava se relacionando. Naquela noite, Marcelo havia dito que não seria prudente que ficassem conversando pelo (MSN), poderia parecer uma afronta para os filhos.

No dia seguinte logo cedo pelo celular Ana, manda uma mensagem. Bom dia, meu amor! Acordei morrendo de vontade de você. Marcelo responde: Bom dia, linda! A tua vontade não é maior que a minha.

Durante todo dia se falaram e mandaram outras tantas mensagens pelo celular. À noite o marido de Ana telefona e diz que precisava conversar, não estava aceitando a separação nem de como as coisas estavam acontecendo. Ana deixa bem claro para o ex-marido que não voltaria atrás e que a vida que vivia era uma vida de disfarces, uma vida onde ambos, viviam em todos os dias, um dia de carnaval, mascarados, fantasiados de marido e mulher, mas, a realidade ele bem sabia, há muito que, de marido e mulher, eles nada mais tinham.

Um mês depois, numa ligação rotineira, Ana comenta da sua preocupação, por conta da queda brusca no movimento do consultório, após o crime envolvendo dois dos seus funcionários. Marcelo tenta tranquilizá-la explicando que, tudo aquilo havia sido noticiado pelos jornais da cidade e que a queda na frequência seria normal, mas, logo tudo seria esquecido e os clientes voltariam naturalmente.

Infelizmente isso não aconteceu e com a separação, mesmo recebendo do seu ex-marido a importância para os estudos dos filhos, Ana começava ter algumas dificuldades financeiras. Contudo, o amor havia inundado seu coração de felicidade, por isso, ela não se cansava em dizer para Marcelo de como o amava, de como ele a fazia feliz e que, aquela era com certeza a melhor parte de sua vida.

Por outro lado e do mesmo jeito encantado, Marcelo fazia para Ana, elogios que a deixavam cada vez mais fascinada. Todos os dias pela manhã Ana, deixava no celular de Marcelo um terno Bom dia! Para depois e logo a seguir, telefonar falando da saudade e do medo que sentia em perdê-lo. Em todas às vezes, Marcelo procurava mostrar para a amante que um não se perderia do outro e que apesar da distância ser grande, sempre arranjariam um jeito, de se encontrarem. Ana se sente mais segura com as palavras do seu namorado.

Dois meses haviam se passado desde o primeiro encontro, as vontades pareciam transbordar em ambos e decidem encontrar-se novamente o mais rápido possível.

De modo facilitar as coisas, Ana pede que o próximo encontro seja em alguma cidade mais ou menos na metade do caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro, desta forma ela poderia ir de carro o que seria para ela menos custoso do que as viagens de avião. Isso imaginava Ana, possibilitaria encontros mais frequentes entre os dois. Combinam de se encontrar, no próximo final de semana na cidade de Itatiaia que além de agradabilíssima, ficava mais ou menos no meio da distância entre um e outro, além do mais, ela sabia que o namorado não apreciava as viagens de avião.

Ana fora administrando a separação, a queda de movimento no consultório, mas, não conseguia administrar a insegurança e os ciúmes que sentia de Marcelo, tanto que uns dias antes de se encontrarem, o casal tem a sua primeira briga, com Ana deixando bem claro que, não admitiria traições na relação e falou isso de um jeito que Marcelo não estava acostumado ouvir dela ou de qualquer outra mulher.

Mesmo irritado Marcelo, preferiu desconsiderar o jeito agressivo da namorada, porquanto da sua recente separação e dos acontecimentos lá no seu consultório. Mas, aquilo o deixou bastante entristecido. Na véspera do segundo encontro por motivos inexpressivos, mais um desentendimento entre os amantes acontece.

Finalmente chega a tão esperada sexta-feira, ambos se mostram ansiosos e logo que chegam à cidade se beijam intensamente, se olham com olhares de desejo e se abraçam com um, sentindo o coração do outro, bater acelerado.  Dirigem-se para um barzinho a fim de descontraírem da tensão da estrada. Ana se mostra de novo irritada por conta ainda dos desentendimentos e ciúmes, por isso, deixa o namorado sozinho tomando um chope, saindo da mesa reclamando asperamente com ele, dizendo que precisava ir ao toalete e por lá fica por mais de vinte minutos. Marcelo mais uma vez estranha o jeito agressivo de Ana e por conta da sua demora, vai pensando que fosse melhor retornar a São Paulo assim que ela voltasse.

Quando retorna, Ana parecia outra, chegou alegre, feliz como nada tivesse acontecido, diz para Marcelo que naquele encontro ele não escaparia de perder para ela o primeiro dos quatro desafios que haviam combinado nesse caso a pescaria. Mesmo achando aquilo tudo muito estranho Marcelo, decide procurar um hotel e acha um aconchegante, bem no alto da serra.


No hotel ele ainda ressentido, joga a namorada na cama fazendo sexo por trás de uma forma violenta, como se quisesse puni-la. Ana por sua vez não fez por menos, mostrou do que era capaz quando contrariada e gritou um "para" tão alto que parte do hotel certamente ouvira.

Marcelo se desculpa pela maneira agressiva que se comportou e logo retornam para o leito de amor, desta vez, da forma que estavam acostumados, com carícias em corpo inteiro, com orgasmos múltiplos e ininterruptos. Exausta Ana, parecia não acreditar na virilidade do seu namorado e com ar de brincadeira deixava exposta a sua desconfiança falando para ele, que aquilo tudo só podia ser efeito de algum “remedinho” e perguntava a todo instante pro Marcelo: Diz, diz pra mim, o nome do “remedinho” que você toma, ele ria e dizia em tom de brincadeira, que era “remedinho” não, tudo aquilo era resultado de ter sido um menino bem comportado e obediente, comendo sempre tudo que sua mãe lhe preparava e riram por muito tempo por conta do assunto.

À noite, jantam no próprio hotel e ficam por algum tempo ao redor da lareira do grande salão onde os hóspedes se reuniam para uma conversa, enquanto se aqueciam do frio. Mais tarde o casal retorna ao apartamento e mais uma noite de amor intenso acontece.


Dia seguinte Ana, parecia estar obcecada com a tal pescaria e logo procura saber se na cidade havia algum pesqueiro. Um funcionário informa que cerca de 10 km, existia numa cidade chamada (Penedo) lá, poderiam encontrar um Pesque/ Pague. Mais que depressa Ana convida Marcelo para tal cidade. O casal se encanta com a cidadezinha entre montanhas e procura logo o tal pesqueiro. Achava Ana, que em sendo ela do Rio de Janeiro, não poderia deixar que um Paulista que poucas vezes viu o mar, pegasse o primeiro peixe.

Anzóis e iscas a postos lançam-nas aos peixes e sentem que eles estavam mesmo por ali, pois, logo comeram as iscas. Era uma manhã de sábado ensolarada muita gente pescando e nenhuma pegando peixe, até que sem acreditar Ana, ouve de Marcelo: Esse aí está no papo, quando olha, vê um baita peixe tentando se desvencilhar do anzol e fica ali torcendo para que isso aconteça, entretanto, para espanto dela e dos demais, Marcelo retira todo orgulhoso o peixe da água e o leva até a cozinha como tivesse desfilando um troféu.

Degustam o delicioso peixe regado na cerveja gelada, com Ana ainda inconsolada por perder a tal aposta. Antes de retornarem para (Itatiaia), param para conhecer melhor (Penedo). Muito artesanato local, chocolates deliciosos e comidas típicas da Finlândia, pois, a cidade fora fundada por uma colônia Finlandesa e por lá, se mantinham as tradições até os tempos de hoje. A arquitetura e o jeito acolhedor daquele povo faziam de (Penedo) um lugar especial, tanto que Marcelo avisa para Ana que no próximo encontro gostaria que se hospedassem por lá.

À noite, já de volta a (Itatiaia) participam de uma noite de queijos e vinhos que o hotel promovia para os hóspedes. Ali, no salão de festas do hotel, o frio, os queijos e os vinhos fizeram da noite, mais uma noite inesquecível para os dois.

No Domingo pela manhã, visitam o Parque Nacional de Itatiaia com rios e cachoeiras fascinantes. A fauna e flora eram mesmo exuberantes, não poderiam deixar de visitar também o “Borboletário” com uma variedade imensa de lindas borboletas.

 Na sede do parque, Marcelo toma conhecimento de outra cidade ainda mais excitante, ainda mais escondida nas montanhas, (Visconde de Mauá). Uma cidade cheia de aventuras e lendas de tesouros escondidos pelos bandeirantes que traziam ouro das Minas Gerais. Por lá, existia um lugarejo (Maringá), onde o rio servia de fronteira entre o Estado do Rio e o Estado das Minas Gerais.

Marcelo ficou encantado com tudo que ouvira que nem sabia mais onde seria o próximo encontro. O casal almoça no hotel onde estavam hospedados e com o peito apertado de um jeito bem semelhante ao do primeiro encontro, começam a se prepararem para retornarem as suas cidades.

O tempo fora tão pouco que muitas coisas que deveriam ser comentadas deixaram de sê-las, por tantas que eram as vontades que um sentia do outro, assim, quase nada se falaram da separação ou mesmo da forma inadequada que Ana se comportara no inicio daquele encontro. Estava tudo muito bom, tudo muito bonito que Marcelo, achou melhor nem comentar nada mesmo.

A ideia de Ana ter escolhido aquele lugar fora mesmo fantástica porque ali, passaria a ser uma espécie de base para os futuros encontros do casal.
Ao retornarem as suas cidades, tanto um quanto outro, encontra algumas dificuldades. Na casa de Jorge seu filho (Gabriel) e companheira (Rita) estranham dele ir a um curso de atualização ministrado pela a empresa detentora da franquia, sabiam eles, que esses encontros já haviam acontecidos, mas nunca assim, com tão pouco espaço de tempo e fazem para Jorge, algumas perguntas um tanto desconcertantes.

Na casa de Ana, a coisa ficou mais esquisita ainda, quando chega no domingo à noite, encontra seu ex-marido e filhos reunidos a saber dela, onde e com quem havia passado o final de semana. Pressionada, Ana foi enfática: Eu e o pai de vocês, não temos já faz alguns anos, nenhuma condição de termos alguma vida conjugal, portanto, como sou e pretendo ser uma pessoa íntegra, preferi separar-me a ter de esconder coisas de todos.

Conheci sim, uma pessoa da qual estou apaixonada e foi com ela que passei o final de semana e daqui para frente vão perceber que, esses encontros ficarão cada vez mais frequentes. O marido de Ana deixa a casa bastante aborrecido e o filho mais velho (Gustavo) vai para o quarto batendo a porta expondo toda sua indignação.

Cristina, filha de Ana sempre foi para ela mais que uma filha, a relação das duas era mesmo de amigas. Por isso, Cristina tenta entender sua mãe, conversando com ela sobre a situação mais profundamente. Ana conta tudo com detalhes para sua filha, inclusive que Marcelo, embora não fosse casado, vivia com outra pessoa. Cristina fica preocupada com a mãe, mas, Ana a tranquiliza, argumentando que para ela e o seu namorado, nada importava além do amor que um sentia pelo outro. E ficaram por ali durante horas daquela noite de domingo, rindo das coisas engraçadas que sua mãe lhe contava.



ROMANCE EM (OITO) CAPÍTULOS
 

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 21/07/2009
Reeditado em 30/08/2011
Código do texto: T1711807
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