Ana e o Poeta

O telefone tocou. – uma. – duas. – três vezes. Ana atendeu. Ana atendeu e falou “oi”. Falei também.

Quis falar algo, mas não o fiz. Pensei que não deveria. Pensei. E fiquei em silêncio.

Olhei pro céu a penas. Apenas. Enquanto Ana falava baixinho alguma coisa que eu não entendia. Que eu não entendia.

...Bem queria.

Quis fechar os olhos. – fechei. Queria imaginar Ana, ali, do outro lado da linha, falando ao telefone. – quis imaginá-la. O que será que pensava? O que será que vestia? O que será que dizia? – Nem sei.

Veio-me a cuca o seu sorriso. Seus olhos. Seus cabelos escuros – compridos. Um pedaço do céu. Um mergulho no mar.

Ana falava alguma coisa baixinho. Alguma coisa que eu não entendia. – eu bem queria. Eu bem queria. Eu bem queria falar algo.Eu bem queria a ela. Eu bem queria estar com ela.

(Ismael Alves)

“Um beijo de boa-noite.”

Ismael Alves
Enviado por Ismael Alves em 28/07/2009
Reeditado em 09/10/2009
Código do texto: T1723996
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