Revelações

Revelações

Eram 10 e meia da manhã, a areia da praia reluzia sob o sol tão forte e brilhante que disparava raios ao invadir a cristalina água do mar. Podia-se sentir a brisa em seus cabelos e o suave, porém, marcante perfume da maresia. O cenário era lindo, Áurea pensava, mas o atraso incomum do seu namorado a perturbava, Henrique era um rapaz moreno, alto, de personalidade forte, seriedade e extrema pontualidade.

Áurea buscava na memória os detalhes do primeiro beijo, que acontecera no final de uma festa da empresa em que ela trabalhava. Fora em um salão escuro com flashs coloridos, diversos perfumes e muito barulho de vozes e música alta.

Apesar de muito articulada e comunicativa, Áurea era tímida, bonita, loura de cachos longos que iam até a cintura de seu corpo esguio e sinuoso, não era alta, possuía estatura mediana e por esse motivo abusava dos saltos altos.

Preferia vestir-se discreta e elegantemente, pois era uma moça que facilmente chamava a atenção, não somente por sua beleza, mas também por sua atitude dinâmica, simpática e amistosa.

E no meio daquela barulhenta pista de dança seus olhos se encontraram e fixaram por instantes. Ela possuía olfato apurado e visão medíocre, sentia o amadeirado do perfume de Henrique, o hálito fresco de menta e seus cabelos, que deviam brilhar muito, já que ela mesma conseguia perceber o quão bonitos, macios e brilhantes eram; ela queria tocá-los.

A iniciativa fora dele; ela relutou, afinal os seus colegas de trabalho estavam presentes e ela não conseguia vislumbrar como homem tão bonito, tão sério e interessante poderia se interessar por alguém tão normal e sorridente como ela.

Ela detestava isso, era tão simpática que muitos não acreditavam que era uma boa moça. E ele se encantara por ela, só que ali? Justo ali? Próximo ao chefe dela e de seus colegas maledicentes?

Ela protelou o quanto pôde, mas na última canção não pôde resistir: beijou-o avidamente, pela primeira vez, mas como se fosse a última, tudo girava e de repente o mundo era somente ela e ele.

Sentou naquela areia quente e pensou em banhar-se, mas seu vestido era branco, de algodão e ela ficaria nua aos olhos de qualquer um, caso se molhasse.

Resolveu esperar mais um pouco olhando para o horizonte e pensando em como estava incomodada com atraso tão estranhamente perturbador de Henrique.

Estava distraída quando sentiu uma mão fria e forte em seu ombro, olhou-o contra a luz e pelo cheiro percebeu que não era Henrique que estava ali, e sim Thales, seu amigo querido de espontaneidade genuína, sorriso largo e franco, aroma cítrico e refrescante, tinha a sua pele branca como a vela.

Sua face não estava como de costume, seus olhos infinitamente azuis escondiam alguma coisa.

- No que está pensando, Áurea?- Proferia Thales.

- Em muitas coisas, querido. Coisas que me lembram de dias inesquecivelmente únicos.

E de um aperto no coração que não afrouxa desde o comecinho da manhã.

- Aconteceu alguma coisa?

- Me diga você! Percebo que está tenso e, apesar de querer me contar algo, está me escondendo coisa muito importante.

- Eu hein, Áurea! Agora você é vidente? Hunf.

- Calma bobo! Só percebo uma nuvenzinha cinza aí em cima da sua cabeça.

- Não é nada demais. Só queria te fazer uma pergunta.

- Faça.

- O quanto você é apaixonada por Henrique?

- Não sei se é possível mensurar. Só sei dizer que o amo tão desesperadamente que a mínima possibilidade de perdê-lo por qualquer razão que seja me aflige, me rasga o coração. Não posso sequer imaginar tal coisa. - Após uma breve pausa ela pergunta – Por quê?

- Porque é importante. Você é muito importante pra mim e tudo o que você sente também é.

Ela percebeu que era verdade o que ele dizia, mas em seus olhos tinham dor, então ela o abraçou e disse: o que você tem, querido amigo? Está carente? - riu. Dou-te o colo que precisar.

Áurea – disse ele sério – O que preciso dizer-lhe é que sei o quanto Henrique te ama.

- Como sabe?

- Porque sinto o mesmo – disse ele.

Ela calou-se, e ele continuou.

-Te amo em silêncio por mais de dois anos, e preciso dizer que sempre estarei aqui, você tem opções, não está sozinha, nunca vou te deixar.

- Thales, mas você se tornou amigo de Henrique, não é?

- Sim, é verdade. E é por isso que me dói tanto, por isso esperei tanto... Esperei tanto que achei que nunca fosse contar... Mas...

- Mas, o quê? - E o medo tomou conta de todos os pensamentos de Áurea, um arrepio frio subiu-lhe a espinha e ficou trêmula da cabeça aos pés.

- Você precisa se acalmar – disse Thales.

- Não quero me acalmar coisa alguma. Conte-me a verdade.

- Vim a seu encontro para..., é tão difícil.

- Diga-me sem rodeios, Thales.

- O Henrique, é sobre o Henrique que vim falar.

- O que houve? Diga-me! Eu imploro.

- Calma Áurea. Se você não se aquietar, não será possível dizer.

- Pois bem, - respirou ela. -Conte-me o que está acontecendo – falou baixinho.

- O Henrique, ele... Sofreu um acidente vindo para cá, ele estava correndo na pista e uma curva traiçoeira fez o carro capotar.

Aquelas palavras amargas bateram forte na cabeça de Áurea e tudo começou a escurecer diante dela.

- Áurea, me escute. Estou aqui! Áurea!!!

- Sim, Thales. Estou ouvindo. Onde ele está? Machucou-se muito? O que mais tem para me dizer?

- Agora que comecei, vou te contar tudo.

Pegou as mãos dela e colocou entre as suas, e disse-lhe que o carro capotou e pegou fogo.

- Foi um acidente muito grave, mas ele foi resgatado rapidamente e está a caminho de um ótimo hospital no Rio, aqui na Região dos Lagos não tem hospital equipado o bastante para cuidar dele. Vim buscá-la, porque sei que você dispararia com o carro por essa cidade. E eu não poderia permitir isso. Vamos!

Áurea não resistiu, assentiu com a cabeça e foi levada ao carro de Thales.

O silêncio era cortante, gelado e devastador.

Ele não sabia o que fazer, sabia que o estado de saúde de Henrique era muito grave e que Áurea não estava bem.

Ela parecia ter sido abduzida para outra galáxia, nem percebera quando Thales estacionou e abriu a porta do carro.

-Vamos querida! Ela não reagia e ele a envolveu nos braços e subiu as escadas com ela no colo. Na recepção recebeu a informação de que Henrique estava na UTI.

Áurea não ouvira e murmurou: E agora, Thales? O que vou fazer? Não conseguirei...

- Me escute – disse ele. - Vou ficar sempre ao seu lado, ele está inconsciente e ficaremos aqui o tempo que for preciso.

- Eu quero vê-lo, Thales. Sinto como se o meu tempo com ele fosse escasso como a velocidade da areia na ampulheta, me leve até ele! Me leve!

- Acalme-se. Isso não é possível agora.

- Como não?

- Ele está na UTI, você terá que esperar. - E apertou forte a mão da moça que tanto amava.

Ela se perguntava por que seu querido amigo a amava, e se amava porque estava ali, sabendo que ela sofria tanto por outro.

Lembrou de como conhecera Thales, um ano depois de se apaixonar por Henrique e em um momento delicado, pois, apesar de muito apaixonados, Henrique pedira um tempo para que ele pudesse fazer uma viagem de seis meses ao exterior.

Foi em um feriado prolongado, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, a primeira vez que se viram estavam entre amigos, mas Áurea não pôde deixar de perceber os olhos incrivelmente azuis de Thales, e percebia-se facilmente o quanto ele gostava de ficar em companhia daquela moça loira e sorridente, que tinha um senso de humor extravagante e de malícia inofensiva.

Estavam em uma casa alugada, simples, sem mobília e com colchonetes ao chão. Na cozinha, aquele cheirinho de naftalina típico das casas de veraneio e um aparato doméstico muito modesto para o cotidiano normal de uma família.

Sete pessoas ao todo, Áurea que fora em companhia de Maria e Carolina, e Gabriel, amigo de infância de Áurea, acompanhado de amigos que ela não conhecia: Marco, Alexandre e Thales.

Gabriel tinha intimidade para falar bobagens e implicar com a mania de saltos altos de Áurea, ele repetia que ela os colocava até mesmo para ir à praia, já Thales pouco falava porém se oferecia para ajudá-la nas tarefas da cozinha e ela aceitava pelo simples prazer de sua companhia.

Naquele momento tão adverso Áurea sentiu-se mal por pensar tão detalhadamente em como conhecera Thales, recordara também que sua colega Maria se interessara por ele e por não ser correspondida voltou à cidade falando coisas bem desagradáveis sobre Áurea.

-Thales - disse ela- Você é uma pessoa muito querida, muito especial para mim, me trouxe a alegria num momento em que tudo era dor, quando juntava meus cacos e colocava um sorriso no rosto para não perder o costume. Como diz isso agora? Como gosta de mim há dois anos? Como? Não entendo.

-Querida, acho que me apaixonei no instante em que a vi. Você é muito esquisita, sabia? Não consegue ver a doçura e a sinceridade do seu sorriso, das suas palavras. Não enxerga como é linda?

-Não - disse ela rispidamente- E nem adianta porque a minha visão não é tão ruim assim.

-Acho péssima- disse ele.

-O que?

-Sua visão. É impossível acreditar que não se ache linda, interessante, atraente...

-Chega Thales. Responda a minha pergunta.

-Está bem, está certo. Você me chamou atenção por ser linda, mas o fator decisivo que me conquistou definitivamente foi o seu sorriso fácil e sincero. Sua simpatia e inteligência encantaram a todos os meus amigos, não percebia como não desgrudava de você? Oferecia-me para ajudar na cozinha e não sei cozinhar.

-Isso era engraçado, mas achei que não estivesse com vontade de tomar sol com os meninos...afinal, você é tão branquinho...

- Imagina, se você fosse passar o dia todo na cachoeira como suas amigas eu iria atrás mesmo que me tornasse vermelho como um pimentão. E quando te chamava para dançar com toda essa timidez? Nossa, estava muito claro o quanto estava louco por você, só você não percebeu o quanto. O Gabriel ria de mim o tempo todo.

- Mas nós ficamos amigos tão rápido, não foi? disse ela.E você dançava tão bem.

- Sim, foi o jeito que encontrei para ficar perto de você, conversando, dançando. Percebi que estava triste quando me contou tudo sobre o que estava passando como a ausência do Henrique.

- Foram maus bocados, os piores seis meses da minha vida até hoje.

- Sinto muito – disse ele.

- Desculpe Thales. É que até hoje eu sabia o que era ficar sem Henrique porque ele tinha pedido um tempo, era uma escolha entende? Deixar-me esperando tanto tempo sabendo que ficaria fielmente a devotá-lo, ele sabia que no alto dos seus vinte anos muitas coisas poderiam acontecer tanto com ele quanto comigo.

Aquele sofrimento todo que você assistiu foi tudo culpa minha. Meu Deus... Tentar suicídio? Loucura total... Depois vi que Henrique estava feliz e isso me ajudou a viver.

- Peraí – você falou em suicídio?

- Uma bobagem. Antes de te conhecer.

- Não importa. Vou deixar uma coisa muito clara para você, Áurea. Nunca, nunca pense que qualquer homem desse mundo mereça tal sacrifício, entendeu?

- Sim, Mas,... mas agora é devastador pensar no perigo que a vida dele corre.

- Mas ele está recebendo o melhor tratamento.

- Eu sei... eu sei...

E a médica os interrompeu e disse que o caso era realmente muito sério e se Henrique tivesse sorte levaria semanas, meses até para se recuperar do acidente.

Áurea era pura dor e Thales parecia que sentia em dobro, pois não suportava vê-la daquela maneira.

- Vamos embora daqui – ele disse.

- Não posso, vou ficar.

- A médica disse não há o que fazer aqui, temos que esperar. Então, vamos para casa, tomaremos um bom banho, descansaremos e amanhã tudo será mais leve.

- Não... Mas, o Henrique, se ele acordar... tenho que estar aqui.

- Mas ele não acordará essa semana, Áurea.

Encare os fatos. Vamos fazer o que lhe disse e amanhã te trago com objetos pessoais para que possa acompanhá-lo de perto.

- Tudo bem, então vamos.

Ele a deixou em casa e ela pensou na sucessão de fatos daquele dia, colocou-se embaixo do chuveiro ainda vestida e percebeu o quanto seu vestido era transparente, chorou mais ainda por lembrar da dor que sofrera ao ouvir o relato do acidente, ao pensar na primeira dor da perda, do abandono de Henrique, da segunda dor quando ele falava por telefone que estava com uma moça estudante de medicina nos EUA e ela nem era a primeira, já havia na lista dele uma ex-namorada antes ainda da viagem como consolo por se sentir confuso e triste pela separação. Como ele pôde? Pensava ela. Em menos de três meses a vida de Henrique estava normal.

Normal, não, ótima. Trabalho e curso no exterior, namorada nova e uma idiota compreensiva e esperançosa “ex-namorada e amiga” no Brasil.

E agora essa possibilidade de morte, e de vida, pois Thales tinha a verdadeira feição da beleza e da vida. Nunca faltara com respeito, jamais falaria algo sobre seus sentimentos, se não estivesse mesmo querendo dar-lhe segurança. Será que ele sabia de mais coisa? - pensava Áurea.

E o acidente, coisa mais bruta, capotar e pegar fogo? Henrique sentira muita dor?

Como faria para viver sem seus beijos, seus braços e abraços? Sem seu sorriso, sua sobriedade que colocava um pouco de ordem em sua vida?

Chorou por mais de uma hora, sentia o sal de suas lágrimas e a água morna que caía do chuveiro. Estava a lavar-se por dentro e por fora.

Fechou o chuveiro, despiu-se, enrolou uma toalha no corpo e deitou na cama adormecendo profundamente de tanta exaustão.

Dormia e acordava, acordava e dormia, ia do hospital pra o trabalho, do trabalho pra casa e assim ficara por seis meses até Henrique sair da UTI. Thales não deixava de vê-la um dia sequer.

No dia em que Henrique acordou, ela pôde entrar e vê-lo bem de perto. Thales a esperava do lado de fora do quarto.

Henrique sussurrava seu nome e Áurea chorou de emoção ao perceber que ele estava consciente e por meses os progressos foram surgindo e a recuperação de Henrique continua em um lento, porém constante progresso.

A presença de Thales voltara ao normal, diária sim, porém com ares de amizade. Áurea percebia o sacrifício de Thales em fingir que não a desejava, mas agora ela já sabia e pairava uma dúvida em seu coração, pois se de um lado tinha Henrique tão lindo, tão forte, tão sério e independente e igualmente dependente naquele momento, do outro lado via Thales tão presente, tão forte não fisicamente mais sim por suportar com tanta coragem a situação em que Áurea se encontrava e aquilo certamente transformara seus sentimentos por ele em algo desconhecido.

Passado mais de seis meses Áurea e Henrique já conversavam com freqüência, a alta sairia em questão de dias.

- Áurea – falou Henrique.

- Sim, meu lindo.

- Você está cuidando de você? - Disse ele.

- Por que diz isso?

- Porque é importante.

- Ai meu Deus o que quer dizer com isso?

- Me diga, por favor.

- Estou trabalhando e. .. acompanhando a sua recuperação.

- Áurea você nunca mais saiu com seus amigos?

- Vejo o Thales quase todos dos dias, já te disse que foi ele que me avisou do acidente.

Mas por que isso agora?

-Porque já são mais de oito meses que estou nesse lugar e sua vida não pode parar por minha causa.

- Mas ela não parou, estou feliz por estar perto de você.

- Não é justo!

- O que não é justo, Henrique?

- Você cuidar só de mim e não pensar em você. Eu te amo Áurea, mas tenho que te deixar livre, fiz uma série de cirurgias e ainda farei muito tempo de fisioterapia.

- E eu estarei com você.

- Não posso.

- Como assim?

- Áurea, lembra do nome Mariana?

- Não estou entendendo.

- Lembra-se da moça que conheci nos EUA?

- Sim. O que tem ela?

- Eu não quis te decepcionar, mas... a Mariana é a médica que acompanha meu tratamento.

- O que está me dizendo? Você...

- Calma. Estamos mais próximos sim, mas percebi o brilho em seus olhos quando fala no Thales.

- Não me venha com essa. Amo o Thales porque ele é um grande amigo, leal e companheiro não temos nada mais que isso.

- Eu sei. Mas, acho que seria melhor para você ficar longe de mim, viver a sua vida e não passar dias e dias junto a um inválido.

- Não diga isso jamais, Henrique.

- E eu percebi o quanto tenho afinidade com Mariana, gosto muito da companhia dela.

- Mas não a ama, pare com isso!

- Pare Áurea. Estou decidido, amo Mariana e ficarei com ela é isso que nós queremos.

- Quando esse “nós” deixou de ser eu e você?

- Não sei ao certo... Mas eu não podia mais adiar essa conversa.

E Áurea saiu do quarto em disparada, chorando desesperadamente desceu as escadas e ouviu Thales chamar pelo seu nome, mas não parou, acelerou ainda mais o passo, correu tanto que o salto de seu sapato rachou e fez com que ela tropeçasse e caísse. Thales a alcançou.

- Querida, o que houve? Esqueceu que eu te esperava para um café?

- Não sei de mais nada. É uma loucura - falava ela – Como sou idiota!

- O que não sabe? Por que está chorando? Aconteceu alguma coisa com Henrique?

- Ele... ele rompeu comigo.

- O quê?

- Lembra da moça que ele conheceu nos EUA?

- Han? O que tem isso agora?

- É a médica que cuida dele.

- Que ingrato, cretino. Não posso permitir, não quero vê-la sofrer novamente.

E com aquelas palavras, no meio do sal das lágrimas, do cheiro refrescante de Thales, da dor no estômago e no peito por mais uma perda sofrida, seu pé que latejava pela torção, se jogou nos braços do amigo. Thales não pôde ficar imóvel, reagiu impulsivamente, seu sangue fervia e a beijou com uma ferocidade absurda, desejava tanto aquela mulher e os mais diversos pensamentos lhe passavam pela cabeça. O amor, a ternura por Áurea, a ira por Henrique fazê-la sofrer e o prazer de tê-la em seus braços, até que Áurea o interrompeu.

- Desculpe, desculpe. – disse ela.

- Desculpas? Pede desculpas? Porquê?

- Por ter desejado que me abraçasse como homem, não como amigo, eu que provoquei isso. Que oportunista, me perdoe.

- Não seja tola. Você realmente me... desejou?

- Sim. Desejei você e sua proteção, seu colo, seu carinho. Mas... por favor me leve para casa.

- Isso tudo é verdade? Disse Thales

- Não acredita em mim?

- Não é que... é bom demais para ser verdade.

- Desculpe Thales. Pode me levar?

- Claro, claro.

Áurea tentou andar, mas seu pé doía tanto... e nem foi preciso dizer nada. Thales a pegou nos braços e a colocou dentro do carro e a levou para casa. Entrou, fez um chá para os dois e imobilizou o pé de Áurea, deu-lhe um remédio para dor e a embalou até que ela adormecesse. E assim foi.

Quando acordou, ele ainda estava ali e ela pediu que ele fosse embora e voltariam a se falar no dia seguinte. Ele fez como ela pedira, e seu coração apertou e no momento que ele bateu a porta se arrependeu do que havia dito.

Não queria ficar sozinha, mas suportou mais aquela dor. Percebeu como era forte e não se deixaria abater mais uma vez, decidiu que seria feliz, não importava como e com quem terminaria sua história, por ora estaria só, mas definitivamente buscaria a felicidade.