Atitude é tudo

O cara de mais atitude que já conheci em minha vida foi João Falcão. Com ele não tinha conversa, agarrava a mulher que quisesse e beijava. O que elas faziam? Continuavam o beijo, as mais assanhadinhas tiravam a blusa e botavam ele para chupar os peitos e outras já colocavam a mão dele na sua boceta. Todo mundo queria ser igual a João.

Mas o fato é que João era João e acabou. Só João era bonito, bonito mesmo, um cara de deixar qualquer mulher sem reação. Só João era rico, só João era filho de Valdir Falcão, advogado famoso por ter políticos como clientes. Só João já tinha ido para os Estados Unidos e isso fazia dele único. E fazia de todos nós completos vira-latas.

João cresceu malhando e comendo mulher gostosa. E não perdoava, a mulher linda que se encostasse a João levava, pelo menos, um beijo dele. Já vi João perder muita amizade por conta disso. Já levou muito murro também, mas não importava, ele pegava mesmo. Afinal, dizia ele mesmo, atitude é tudo.

Clarissa encantou João tão fortemente que começaram a namorar. E João era um cara tão foda que teve atitude para admitir o namoro. A atitude dele era tanta que até jurou fidelidade. E mais, escreveu um bilhete romântico para Clarissa.

Clarissa, uma menina de olhos verdes e cabelos pretos. Pele suave, macia e jeito meigo. Uma menina de voz doce, sedenta por carinho. João estava, então, no paraíso. No auge dos seus vinte e cinco anos, ele além de bonito, rico e inteligente, tinha aos seus pés uma mulher fantástica.

Talvez não, talvez Clarissa estivesse no paraíso. Não sei, nem ninguém, isso tudo que falo são especulações acerca das vidas de pessoas tão populares. Acontece que, não demorou muito, a menina passou a ficar louca.

Dizem que o sucesso, qualquer sucesso, pode acabar com a vida de pessoas que não estão preparadas para tal e este casal era assim mesmo. Nós, os mais próximos, começamos a perceber uma loucura recíproca ali.

A carência provocava tanto brigas quanto carícias. O negócio começou a ficar chato. João parecia ter perdido sua atitude, pois a paranóia de Clarissa começou a manipulá-lo. E ele fazia absolutamente tudo o que ela queria. Tornou-se um cachorrinho treinado para ter seus movimentos controlados.

E Clarissa, um belo dia, decidiu que João talvez não tocasse mais seu coração como outrora. E foi ai que eu vi meu amigo enlouquecer. Ele passou a ter atitudes estranhas, do tipo passar horas escrevendo cartas e poesias de amor. Comprava flores, perfumes e chocolate para enviar para a casa de Clarissa. Mas nada!

A menina parecia um diabo atentando a cabeça do rapaz. Ao mesmo tempo em que dizia não querer mais ele, jogava charme e fazia de tudo para mostrá-lo a quão boa ela era. O menino começou a ficar perdido e ter atitudes contraditórias, dizia odiá-la e amá-la ao mesmo tempo. E passou a não querer mais sair com qualquer outra menina. Vivia para reconquistar Clarissa.

Uma vez ela ligou para o celular dele e mandou que ele fosse a sua casa para buscar umas roupas esquecidas lá. Pobre João tornava-se um menino de atitudes ingênuas e caiu direitinho na cilada dela.

Lá estava ele lá na casa de Clarissa, todo feliz por ter recebido uma ligação dela. E o sorriso de Clarissa brilhava para ele como holofotes. A voz da fêmea tornou-se macia. Ela começou a morder de leve o pescoço de João. O pobre rapaz se derreteu todinho. Botou logo o boneco grande para fora.

João começou a sentir a boceta apertada e vermelha de Clarissa e a ouvir seus gemidos de tesão. Aquilo despertou nele uma vontade de penetrá-la com mais força para fazer seu pau atravessar o corpo dela até ela gritar de dor e prazer.

O movimento de penetração ia aumentando de acordo com as sensações de João. E ver Clarissa ali a sua mercê, sentindo prazer com o corpo dele, o fez se sentir o homem mais poderoso do mundo. As humilhações e cartas em vão foram esquecidas e só aquele momento importava. Era como se a vida inteira dos dois durasse apenas aquele tempo.

A garganta de João Falcão começou a acumular um muco verde e viscoso que se colava às pregas vocais provocando um enorme desconforto nele. Os gemidos impregnados de prazer que saiam do cerne de Clarissa intensificavam-se a cada minuto daquele ato sexual. O cérebro de João trabalhava insanamente.

Olhou para o rosto dela e o enfaro na garganta o levou a um movimento que ao mesmo tempo foi involuntário, foi voluntário. O muco verde e viscoso encontrava-se, agora, no angelical rosto de Clarissa. Ela empurrou-o com toda sua força e se encolheu na cama. Suas lágrimas começavam a brotar.

João levantou-se e, tranquilamente, colocou suas roupas e foi embora. O peito dele livrou-se de uma dor impregnada que não queria sair. Mas agora o peito estava vazio de dor e cheio de orgulho.

É isso mesmo, não existe paixão não curada, existe cara sem atitude. Atitude é tudo.

Pensou João com um sorriso tomando todo o seu rosto. Mal sabia ele que havia, e muito, paixão mal curada. Mas depois ele soube disso e sentiu na pele, apesar do eterno orgulho das suas atitudes.

Malluco Beleza
Enviado por Malluco Beleza em 03/12/2009
Código do texto: T1957931
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.