PRISIONEIRA QUE FOI RAINHA

Durante a invasão, a Rainha que assistira ao extermínio de seu Rei e todos que ali estavam, foi arrastada ao navio com punhos presos, juntamente com suas companheiras e serviçais.

Os brutos guerreiros eliminaram as mulheres que não serviriam aos Senhores, levando apenas as que tivessem aparências encantadoras. Isso lhes daria um belo prêmio.

Logo que chegaram ao destino, em terra firme, um nobre senhor de idade bem avançada, ao avistar aquela belíssima figura, usou de sua altíssima nobresa para exigi-la imediatamente.

Deu ordens expressas para que desatassem seus punhos e a soltassem e que ela fosse ao seu encontro imediatamente.

Mas, logo houve um tumulto. Outros nobres senhores se indignaram com a ousadia daquele e movidos pela vaidade e arrogância, discutiam e ameaçavam uns aos outros.

A Rainha aproveitou a distração dos homens e, logo, pôs-se a correr adentrando matas, sem olhar pra trás...

Ofegante e sem forças, avista um mar de lindas flores coloridas e corre em direção a elas para ali se misturar. 

Uma visão de uma lâmina em sua frente e o som cortante faz o seu coração bater mais acelerado ainda e, então, desmaia.

Ao acordar, eis que nos braços de um forte guerreiro com traços tão singulares e olhares penetrantes que investigava cada pedaço de seu corpo como se nunca houvesse tocado em uma mulher antes.

Não compreendia uma só palavra que saía daquela voz tão intensa e máscula. Mas, sentia algo diferente e não conseguia resistir às investidas daquele homem.

O grande guerreiro conduz ao seu mundo aquela bela Rainha que se tornou uma prisioneira. Contudo, ele não lhe dava um tratamento normal para os costumes daquele povo bruto e de culturas tão grotescas.

Seu  novo Senhor deu ordens para que fosse tratada como uma nobre hóspede. Então, com trajes típicos de seda vermelho púrpura, passseava nos jardins do castelo, acompanhada de delicadas moças que a ensinava os costumes e a língua.

A prisioneira não entendia porque queria tanto continuar ali, servindo um amo que jamais poderia ser somente seu. Tinha liberdade para cavalgar, mas sempre retornava.

Estava muito apaixonada, mas sabia que, de acordo com os costumes daquele povo, não passaria de uma prisioneira e que logo o seu Senhor tomaria a mulher que estava para ele prometida e com essa é que se casaria. Não poderia alimentar ilusões, tinha que se libertar daquele sentimento.

Por outro lado, o nobre guerreiro não se afastava de sua prisioneira. Sempre retornava das batalhas e corria ao seu encontro para matar as saudades dos desejos e impulsos que ambos sentiam um pelo outro. Já se entendiam, pois um aprendera a língua do outro em pouco tempo, tamanho era o desejo de se comunicarem também em palavras. Até mesmo nos temas belicosos compreendiam-se perfeitamente.

Era primavera, e a prisioneira passeava naquele jardim de flores tão vibrantes e coloridas. Desta vez, muito pensativa e com olhares distantes refletia:

E agora o qual será o meu fim
Eis que algo cresce em mim
Não posso contar a ninguém
Tenho medo que me matem

Sei que estou mesmo amando
E ele me ama muito também
Esse amor não lhe  convém
Nosso bebê estou salvando

Meu amor me perdôe
faço isso por dever
esse fruto vai nascer
Preciso me esconder.