ENCONTRO

Ele caminhava apressado pela avenida, sabendo que era nove

horas e que o encontro fora marcado para às oito e meia. Che-

gou ao lugar combinado e viu que ela estava lá esperando por

ele. Quando o viu, ela se alegrou. Ele se aproximou, deu dois

beijos na sua face e peerguntou se ela estava esperando há

muito tempo.Ela disse que chegou naquele instante. Ele disse

que tinha todo o tempo do mundo e a convidou para ir a uma

praça. Mas antes, ele disse, preciso passar numa livraria, é rápi-

do. Ela disse que não tinha problema. E também preciso passar

na Câmara Municipal. Também não era problema ela disse. Esta-

vam caminhando na rua e cruzando com todo tipo de pessoas.

Seguiam indiferentes às elas e ele não disfarçava que estava fe-

liz. Percebeu que ela estava muito contente. Passaram na livra-

ria e ele viu o livro que queria comprar na semana passada. Se

assustou com o preço. Disse ao vendedor que voltaria depois.

Na Câmara ele viu um amigo que há muito tempo não via. Con-

versaram por meia hora, mais ou menos. Ela não se aborreceu.

Finalmente chegaram à praça. Sentaram num banco debaixo de

uma árvore. Apesar do tempo quente, de vez em quando sentiam

na pele um ventinho gostoso. Ela disse que acordou de baixo as-

tral no domingo passado, porque se lembrou das coisas que acon-

teceram na sua vida nos últimos meses. Lembrou-se que fez um

ano que se conheceram e que ela nunca ia esquecer. Isso o dei-

xou comovido. Depois, ela perguntou como ia sua vida. Ele res-

ponde que estava bem e só. Ela não gostou e disse que gosta-

va de ouví-lo falar sobre ele de uma maneira mais profunda. Ele

disse não. Ela falou que quando se encontravam, ela sempre fa-

lava dela mesma. Ele disse que a vida dela era mais interessante

que a dele. Você sempre diz isso. Era verdade. Mas ele acabou

não falando mais uma vez e a conversa pendeu pra religião. Fa-

lavam de proibições. Ela disse que não tomava coca-cola, que

não comia carne, que não pintava as unhas, que não bebia café,

que guardava o sábado. Ele se espantou com aquele código de

proibições e obrigações que ela cumpria fielmente. Ele disse que

tomava cerveja, que nunca tinha fumada, que tinha experimen-

tado maconha, que achava que tudo era uma questão de cabe-

ça. Foi a vez dela ficar surpresa. Viram umas crianças correndo

no parque e ela perguntou se quando ele casasse ia ter muitos

filhos. Ele falou que não ia casar nunca, que casamento era uma

droga. Ela disse que não concordava e que, dependendo da es-

colha , casamento era uma boa. Ele disse que respeitava sua

opinião, só não concordava. Durante toda conversa, ele olhava

pra suas pernas , que eram bonitas, e ficou fascinado com um

sinal na coxa direita dela. Ela estava usando um short. Ele pen-

sou que seria possível que estivesse apaixonado por ela. No fun-

do ele queria que ela estivesse gostando dele. Não como amigo,

mas como amante. Era nisso que ele pensava, quando se despe-

diu com mais dois beijos em sua face e ela disse que ia começar

o segundo ano de suas vidas.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 01/01/2010
Código do texto: T2005983
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