- Eu acho que a gente devia terminar.

Era o que ela tinha pra me dizer.

Foi o motivo pelo qual me fez esperar às seis da tarde no segundo andar da biblioteca municipal. Eu estava tremendo. Foi automático, a última coisa que eu esperava ouvir. Porque ela era tão linda que eu não queria me afastar, não queria deixar de sentir o perfume dela. Aqueles cabelos cacheados divinos. Deus, era a mais linda do universo.

- Mas... por qu... - eu até tentei respirar fundo e me acalmar, mas meus olhos já estavam inundados.

- Eu pensei bem Alex, e acho que é a melhor coisa a se fazer.

- Você não gosta mais de mim ou... o que aconteceu? Foi alguma coisa que eu fiz, me desculpe, eu posso tentar reparar, eu... - Porra! Eu estava louco, praticamente implorando pra que ela não me deixasse. Estúpido! Desgraçado infeliz! Eu queria me socar por tão vergonhosa cena.

- Não, não é você Alex, com você está tudo bem. É que... - ela evitava me olhar nos olhos e se afastava, pois tinha medo de mim. Tinha medo do monstro.

- Outro, né... - puxei uma cadeira e me sentei. Na minha mente um milhão de imagens de nós dois juntos durante aqueles dois anos.

- Eu ia te contar, só não queria magoar você...

- Mas fala aí, o que ele tem? Grana, né? - sorri.

- Você está me ofendendo... - ela se afastou, um funcionário da biblioteca olhou a cena de longe. - Eu não sei porque Alex. Simplesmente... aconteceu...

Essas coisas que simplesmente acontecem são sempre as piores. Um dia você simplesmente nasce e no outro simplesmente morre. Eu não sei dizer qual é pior.

- Você não tem que me pedir pra terminar. Você é livre...

- Você ainda gosta de mim? - ela me olhou, aflita.

Fiz que sim com a cabeça, levantei e me aproximei dela, com o rosto vermelho e molhado. Ela tremeu, tinha medo de mim. Dei um beijo em seu rosto.

- Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. - saí do saguão, a deixando sozinha.

Ela desceu as escadas meio deprimida. Eu subi mais dois andares.

Do último andar da biblioteca, observei pela janela, enquanto ela saía para a rua. Foi a última vez que a vi.

Mas ela ainda me veria alguns segundos depois.

Com o pescoço fora do lugar.

Glaucio Viana
Enviado por Glaucio Viana em 08/01/2010
Código do texto: T2017269
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.