ZORAIDE...

Quando nasci um pássaro de metal alçava voo.Foi mamãe quem disse,mas isso começou a me encantar assim que comecei a entender o mundo.Minha infância não foi nada fácil,nada é fácil nessa vida.Mamãe por não ter condições ,entregou-me a minha avó para que ela me criasse,se foi bom ou não agora não importa mais.O meu desejo de ser criado por pai e mãe nunca foi levado em conta.Vovó sempre me deu o que precisava,meus primos tinham e ainda tem um grande ciúme de mim.Desde criança brotou um sonho em mim.O estudo era a única saída nesse mundo injusto.Como me dediquei e por isso me isolava mais do que o normal dos prazeres que a infância tem a oferecer.Não me arrependo,aprendi que isso não leva a nada.

O mistério do espaço e o fascínio que ele proporciona entranharam-se em mim de maneira inevitável.Nunca fui o primeiro de minha classe,mas não ficava em último.Guardo na memória doces e amargas lembranças de minha infância.Quem me vê pode até não depositar tanta confiança em meu potencial,consideram-me pacato demais.Na adolescência tive experiências frustantes no amor.Quando amo me entrego de corpo e alma a esse amor,eu só sei ser assim.O meu primeiro beijo foi no mínimo cômico.Não sabia o que fazer,era imperioso um beijo,sempre fui falante e falava muito nesse encontro,além da conta.Minhas mãos tremiam e o meu corpo mais ainda,ela nem se fala,nervosa gaguejava,foi então que pedi para cada um de nós aproximar o rosto um do outro,meus olhos só viam os lábios dela,vi que ela fechou os olhos,achei estranho,mas resolvi fazer o mesmo.Tinha visto isso muitas vezes em novelas e filmes.Como nossos lábios demoraram a se encontrar e como estávamos de olhos fechados beijei o queixo dela e ela o meu nariz.Rimos até não poder mais.Ia à festas demais em minha adolescência,sempre tomando suco ou refrigerante,foi nela que o meu desejo de tornar-me funcionário de empresa de aviação cresceu e estudei tudo sobre o assunto,fiz cursos de inglês,pois sabia que esse idioma é fundamental nesse meio.Aprendi a falar fluentemente e quando terminei o Ensino Médio,consegui através de um amigo,o Geraldo,uma oportunidade de trabalhar na Varig.Nesse período comecei a fazer faculdade de Letras,lecionar não era o meu objetivo e nem é,mas adoro ler e gosto do poder que a palavra exerce nas pessoas.Minha vida ia tudo bem,salvo o problema familiar da minha avó que precisava constantemente de auxílio médico,eram idas e vindas ao hospital e eu o único a fazer isso por ela de maneira incondicional, meu irmão se escora em mim até hoje.Na Varig tudo corria as milmaravilhas,o aeroporto é o meu lar ,não sei se o primeiro ou o segundo,até nos dias de folga eu vou lá.E foi num desses passeios que vi Zoraide,ela trabalha na Pan An air.No aeroporto eu sou descolado e argumento éo que não me falta,comecei a conversar com ela e minha alma dizia pra lutar por ela.Ficamos amigos e passávamos muito tempo juntos,tudo nela é medido ,calculado.Ela não é fria é que tem um jeito todo sistemático de ser,ela esconde as emoções,eu acho, pois nunca vi algo espontâneo ou surpreendente,planejávaos tudo,tinhamos sonhos em comum,como conhecer o Oriente juntos,comprar nossas casas.Um amor surgiu em mim e eu não pude evitar,nem queria,meus olhos,pele denunciavam o que sentia por ela ou sinto.Declarar amor a ela estava fora de cogitação ,pois nossa amizade já era tanta que ela poderia achar estranho,ou quem sabe já sabia e nunca me deu a oportunidade de falar pra ela.A vida tem caminhos estranhos e quando eu achava que ia falar,uma intriga na empresa ocasionou a minha demissão,comecei a vender jóias para poder sustentar a mim e ajudar a minha avó.Os amigos mais próximos sabem do que sinto por ela e me incetivam a declarar o amor que tenho por ela.Amo-a de paixão,meu eu sem ela não existe e isso dói em mim ,mas dói por saber que é algo improvável,por que ela é assim ,tão dura, não mostrando o que sente,nunca a vi falar de rapazes como namorados.Lembro das noites que passamos acordados e quantas vezes eu tentei falar,mas contive-me.Vou sempre que posso ou faço tudo pra ir ao aeroporto,só pra vê-la ou manter em mim a chama de trabalhar novamente numa empresa de aviação.Tenho muitos amigos por lá,sempre luto com unhas e garras pelo que quero ,meus amigos sabem disso e reclamam porque não luto por ela.

A loucura tomou conta de mim e resolvi fazer algo por amor,comprei uma cesta café,várias flores e contratei até seresteiros pra fazer uma serenata pra ela.Tudo bem planejado,como ela ela gosta, só que esqueci de avisá-la.Fiz tudo o que planejei e como ela não esboçava nenhuma reação,fui duro com ela.Resolvi matá-la dentro de mim para poder ser um novo homem,mas não se mata um amor assim.Para os outros eu sou fortaleza ,mas tenho um desejo enorme de gritar,chorar,espernear em público ,não digo que já fiz isso nas paredes do meu quarto,o meu refúgio, só lá é que confesso às paredes todo o meu sofrimento ,se ela sofre , eu não sei ,só sei que o apelido que dei a ela ecoa em meu coração contantemente.Enterrei de vez a oportunidade de ser feliz com ela.Sigo minha vida ,não sei com que forças,mas cada segundo é tão dolorido sem ela em minha vida.Zoraide , por que você é assim?

LÉO VINCEY
Enviado por LÉO VINCEY em 14/01/2010
Reeditado em 14/01/2010
Código do texto: T2028434
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