Amor em família, amor verdadeiro! - Parte l -

Renato, nascido em uma família tradicional onde imperava a lei do respeito aos mais velhos e nada de “boa vida” onde trabalho era o lema e o dinheiro arrecadado era entregue nas mãos dos pais para o sustento da família, o tempo foi passando, Renato, dentre muitos irmãos era o caçula, por isto mais mimado, suas vontades eram atendidas prontamente até mesmo por seus irmãos mais velhos os quais foram privados de muitas regalias que o dinheiro pode comprar. Era só pedir algo que alguém corria para satisfazer seu desejo, na escola tornou-se um menino problemático onde era defendido por seu pai, muitos episódios de rebeldia passaram-se desapercebidos por ser ele o bebe da casa.

Ele tinha só dezoito anos quando ingressou no serviço militar, orgulho da família, fardado, “botava moral”, fora de casa por longos períodos longe das vistas daquele que o queriam tão bem, alheio a tudo o que acontecia com seus familiares, o tempo foi passando...Nova vida, um mundo novo descortinava diante de seus olhos, festas, novos amigos, cinema, bebidas, jogos, mulheres e outros atrativos que o mundo oferece, lá estava ele mergulhado em ilusões onde pensava ser feliz.

Suas visitas aos familiares eram cada vez mais escassas, uma vez por mês e olha lá! Seu comportamento mudara e todos notavam esta mudança, o distanciamento, a frieza com que tratava os pais e irmãos, não era o mesmo Renato que todos conheciam mais ninguém sabia explicar o porque das suas atitudes.

Passou a embriagar-se e quando falava em alguém de importância em sua vida citava os amigos, aqueles com os quais passava seus finais de semana ou mesmo as noites em que não estava no quartel.

Passaram-se uns três meses, ninguém se conformava com o comportamento “esquisito” que Renato adotara com aqueles que tanto o amavam, assim como ninguém ousava tocar no assunto diante dele.

Era uma noite morna de verão quando o telefone tocou na casa da irmã de Renato a qual morava próximo aos seus pais.

Uma voz aflita pedia socorro!

Era sua mãe. Seus pais estavam apavorados! Renato estava aparentemente embriagado e totalmente descontrolado ameaçava bater nos pais que tentavam o impedir se sair com a moto pois “não tinha condições de pilotar.

A irmã, meio a contra gosto, atendeu ao chamado e foi até o local ver o que estava realmente acontecendo.

Lá chegando encontrou o irmão já em frente ao portão esbravejando colericamente com seus pais, calmamente desligou a chave da moto e disse-lhe:

- Desça! Você não vai sair daqui! Não sem antes conversar comigo!

- Conversar! Vociferou ele.

- Conversar sobre o que?

- Nunca se importaram comigo agora querem conversar? E vocês sumam daqui! Referindo aos seus pais.

Sua irmã olhava-o nos olhos calmamente enquanto dizia-lhe o quanto era importante ele respeita-la naquele momento!

- Eu não sei o que está acontecendo contigo Renato, mas sou sua amiga, acredite, eu o amo e quero ajudá-lo. Há tempos que venho notando sua indiferença para conosco. O que houve meu irmão?

Neste momento, Renato deu um forte soco amassando o tanque da moto e após jogou a mesma ao chão gritando alguns palavrões. A irmã tratou de fazer com que seus pais se recolhessem pois percebeu a gravidade da situação.

Renato jogou-se ao chão, como um animal ferido esperneava, contorcia-se.

Sua irmã Clara amorosamente abaixou-se ao seu lado oferecendo-lhe amor, aconchego e abrigo, já deitado em seu colo, seu irmão, em posição fetal chorava emocionado enquanto em meio aos soluços e blasfêmias contava sua história.

Estava usando cocaína, usuário de drogas a mais de quatro meses, bebendo vodka diariamente para esquecer da vida miserável em que se metera.

Após uma longa conversa na qual ele queixou-se de seus pais por não notarem o caminho em que o filho havia “se metido” e de seus familiares por acharem que tudo estava sempre bem, que ele era um exemplo a ser seguido, Renato pegou sua moto e partiu, ninguém sabe para onde ele foi, ele nunca contou.

Seus irmão tão “queridos” trataram de fechar as portas para aquele drogado, afinal drogados roubam, matam, dão problemas.

Renato que morava com a irmã Sara, fora expulso de casa ficando a estas alturas sem rumo, lembrou-se então de sua irmã Clara. Ela morava somente com os filhos e talvez lhe desse abrigo, era sua única esperança.

Clara recebeu Renato com alegria, ela entendia que amigos são para estas horas e se alguém lhe procurasse, quem quer que fosse, ela estava lá disposta a ajudar, sempre! Só não esperava ouvir de Renato a frase que mudaria sua vida:

- Quero que você me ajude! Por favor! Eu preciso sair desta!

Deu um longo abraço em seu irmão dizendo a ele como e quanto era importante ele estar ali e que ela o ajudaria no que fosse preciso.

Os dias foram passando e Clara via seu irmão chegar embriagado e drogado em sua casa, ela tinha filhos menores e precisava impor respeito para poder educa-los. Resolveu colocar ordens na casa, o horário de chegar seria as 22 horas e não mais que isso, quando saísse Renato diria onde estava indo, com quem e a que horas voltaria. Ditadas as regras novos dias viriam.

Renato cumpria o horário sem no entanto parar de drogar-se. Certo dia ao estar Renato trocando as estações do rádio em busca de um “som legal”, Clara ouviu a música de Renato Russo; Pais e Filhos e suplicou ao seu irmão para ouvi-la também, o mesmo lhe disse:

- Eu já ouvi isso! É uma merda!

- Então você não prestou atenção. Ouça! Por favor! Disse-lhe clara.

Renato, “chapado” que estava, encostou sua cabeça junto a caixa de som ouvindo atentamente cada palavra, era como se Deus lhe falasse ao coração naquele momento, foi escorregando silenciosamente com os olhos cheio de lágrimas e disse a sua irmã em forma de súplica:

- Me ajuda por favor mana!

- Me diga como posso lhe ajudar e eu lhe ajudarei! Disse Clara aos prantos.

khayssa
Enviado por khayssa em 06/03/2010
Reeditado em 06/03/2010
Código do texto: T2123370
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.