.elvira.

elvira nasceu num belo dia de sol, de uma quarta-feira qualquer.

isso fora há mais ou menos três décadas.

nunca se sabia calcular muito bem as primaveras dessa mulher.

cheirava qual rosa despedaçada por criança desavisada.

num jardim recatada.

suplicando para não ser perturbada.

elvira tinha essa peculiaridade.

chegar de mansinho.

sair sem ser notada.

e assim vivia essa vida aguada.

quando carlos chegou tudo se encontrava no lugar.

com menos de seis meses nem bem pensamento elvira conseguia organizar.

apaixonara-se.

perdidamente.

carlos era homem mundano.

com idade de saber mais.

com maldades.

era mesmo sagaz.

fez as vezes.

trouxe sorrisos.

acrescentou aos suspiros que elvira não parava de dar.

casal de poucas palavras.

eles não queriam dizer quase nada.

bastava olhar.

e tocar.

e amar.

elvira só não sabia que esse último verbo estava no singular.

ana maria de queiroz.

09.III.2010

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 10/03/2010
Reeditado em 21/03/2010
Código do texto: T2131294
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