AMIGO DA PRAIA

Nos fundos...

Ou será na frente?

Bem, isso não vem ao caso...

O mar era perto da casa.

Eu o via e chegava a ele saindo pela frente ou pelos fundos.

Naqueles dias, na praia, encontrei um amigo.

Muito mais que amigo...

Nos encontrávamos pela manhã...

Ficávamos juntos o dia inteiro.

Lá ao longe havia uma ilha...

Eram diversas, mas como só podíamos ir a uma de cada vez era como só existisse uma.

Só se chegava a elas com a maré baixa...

Meu coração estava em baixa...

Chegava muito rápido o dia de partir.

Inexorável.

As despedidas são ruins.

Ainda mais quando não tem adeus.

Chovera muito à noite

Malas prontas.

Não vejo meu amigo entre os que se despedem.

Crio coragem e pergunto por ele.

Se entreolham e silenciam.

Apontam a ilha.

Uma delas.

A que eu mais tinha medo.

Foi para lá?

Assentem...

Quando?

Antes da maré encher...

Passou a noite e não voltou.

Lembro-me que havia me convidado, mas eu iria partir...

Não era bom ir sozinho...

Mar bravio...

Muito nublado...

Ninguém o vê... Nem de binóculo...

Nenhum aceno dele...

Ônibus já vai sair.

Tive medo de olhar para trás.

Medo bate pior à ausência.

Não veio nada rolando na maré...

Nunca mais voltei àquela casa da praia.

Nunca soube o que aconteceu com ele.

Deve ter se apaixonado por uma sereia.

Toda vez que vejo o mar parece que as ondas invadem meus olhos...

E o vejo me acenando.

Não sei se me chama ou diz adeus.

Tem certas coisas que não morrem...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 12/03/2010
Código do texto: T2134973
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