Mulher mais velha

Eu a espero e cada vez mais me sinto prisioneiro do seu amor. Também me sinto um garotinho carente, cada beijo e abraço dela me faz tremer e vibrar. Nunca fiquei assim antes, eu juro. Todos meus namoros - agora percebo - foram simples passatempos, sem envolvimento, só diversão. Achei que com ela também pudesse ser igual. E me enganei.

Ela está atrasada e se fosse outra mulher, eu já tinha arrancado o carro e partido. Mas não. É ela. A mulher por qual me apaixonei, admito agora. Morro de ciúme, de aflição, disfarço tudo. Será que ela sabe o quanto eu sofro por sua causa? Às vezes a pego me observando com seus olhos negros. Parece que ela está desvendando minha alma. Na certa, com seus anos de experiência, já se flagrou que eu estou apaixonado e de quatro por ela. Na academia, em festas de família, no shopping... É ela quem chama atenção, eu luto para não me transformar no seu acessório preferido, no seu brinquedinho de luxo.

E eu aqui esperando, impaciente, dentro do carro. Tenho vontade de sair, ir buscá-la dentro da loja, estou ansioso pelo toque dela. Mas eu me seguro, tenho que ser forte. Estou ensandecido por ela, mas não posso fazer o papel de tolo apaixonado. Mulher não gosta de homem assim. E por vezes me pergunto o que uma mulher de 40 anos está fazendo com um cara de 25.

Ela vem vindo, cheia de sacolas. O salto alto não lhe tira o equilíbrio, pelo contrário. O charme é tamanho que até fiquei sem ar, como da primeira vez que nossos olhares se cruzaram. Eu abri a porta do carro, afobado, e fui em direção a ela. O seu olhar de tigresa atravessou o meu, as calças jeans justas eram um convite a um sexo selvagem no meio da avenida mesmo. Tudo isto e muito mais passou pela minha cabeça em fração de segundos.

As pessoas olharam disfarçadamente nosso beijo ardente enquanto passavam por nós na calçada. Sou um privilegiado, eu sei. Peguei as compras dela com uma mão e com o outro braço enlacei a sua cintura. Estou amando minha mulher mais velha e isto faz toda a diferença. Não preciso de mais nada.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 14/03/2010
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