ESCREVENDO PARA VOCÊ

Impressionante como nesta vida nada somos. Um sopro forte nos apaga para sempre. E, se tivermos feito o bem, seremos lembrados por algum tempo, mas se não soubemos marcar com letras grandes nossa passagem, muitos sorrirão em nossa partida.

Esse mistério da vida é assustador. A morte retira o véu de nossa fragilidade. E foi assim que ela se sentiu: frágil demais, segunda-feira com a morte de uma colega. E por outro lado, aqueles comentários loucos. Quase entrou em pânico! Isso a fez refletir o quanto é perigoso andar por caminhos inseguros. Que preço alto se paga! Então se perguntou: para quê? Para quem sabe, um dia, abrir a porta de um futuro sombrio, desolado e solitário.

Sabia haver encontros inexplicáveis nesta vida. Maravilhavam-na, fazendo-a florescer, acendendo um turbilhão de sorrisos. Mas, por outro lado, a fazia sentir o peso da culpa, cada vez que mirava os olhos da verdade.

Por que a vida nos prega peças? Seria tão simples se não complicássemos o viver. Se agradecêssemos pelos presentes recebidos e seguíssemos sem nada mais querer. Por que tecer fios de injustiça? Se acreditava ser justa. Por que manchar uma história sem rasuras? Seria masoquista, insensível, irresponsável, leviana?

Ah, se essas respostas pairassem a frente de seus olhos e pudessem enxergar. Mas seus olho estão cegos, inebriados de um alguém. Seu perigoso veneno!

Sofre por pensar em deixá-lo. Sofre por querer encontrá-lo. Um medo lhe banha a alma que respira por este alguém, mesmo quando deveria respirar outro ar. E neste dilema queimam seus dias frios. Será que vale a pena pagar este preço tão alto? As perguntas latejam vivas e encontram respostas mortas. Todas se calam! Só escuta o badalar do seu coração gritando o nome dele.

E assim segue, corre, caminha, pedala e se cala diante da situação em que se encontra. Como gostaria que fosse diferente. Adoraria ter a chave que controla seu pensar. Assim o trancaria fora dela.

Hoje, para tentar relaxar ela voltou a malhar. Foi maravilhoso rever os amigos, rir com eles em felicidade fresca. Lá estava segura, não corria risco. São apenas pessoas com quem gosta de conversar. Não há encanto, nem desejos avassaladores. Os beijos são singelos, apenas troca de carinho. Não explodem faíscas que levam a erupção vulcânica.

Ah, como ela gostaria de ainda ser uma menina que acreditava em lobo mau, longe dos perigos reais. Assim não estaria aceso nela o brilho do olhar dele.

Talvez esse conteúdo não o agrade. Entretanto, é apenas um desabafo que ela só pode fazer com você, pois vive o silêncio ruidoso.

Impressiona-a quando fala sério e ele rir como se nada pudesse acontecer com eles. Talvez a ele não, mas a ela pode. E poderá ser comprimida por um rolo compressor, sem ninguém para olhar pra trás, afinal ela é a (in)responsável por tudo.

Lembra que com ele viveu os meus mais intensos momentos. Os melhores! Mas também os mais perigosos! Que podem trazer consequências catastróficas.

Que sentido terá a vida dela se murcharem suas ramagens? Não terá nem um ombro para chorar. Por que tem que ser assim? Mais uma pergunta que se cala.

Vendo sua ligação no fim da tarde, certamente era para presenteá-la com a lua. Estava linda! A lua deles. Testemunhou tanto amor! Mas esta não saberá enxugar suas lágrimas quando ela precisar. Só servirá de testemunha de uma linda história de amor, que em nada, poderá se transformar.

Fátima Feitosa
Enviado por Fátima Feitosa em 31/03/2010
Reeditado em 01/04/2010
Código do texto: T2170436
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