Catherine Deneuve quer ser Sophia Loren
Três de abril de dois mil e dez, oito horas e dez minutos.
Uma lagarta, incomodada de sua vida (para si, de feias formas) decide-se pela mudança radical. Procura um bom médico, o Sr. Dr. Jacaré, que lhe diz (cheirando a bafo de peixe apodrecido):
- Nada pode ser feito em teu caso. De cores tão lindas; de movimentos tão graciosos e de pelinhos lindos que brilham ao sol...
Não, nada posso fazer. Recomendo-te esconder-te do mundo. Teças fios em torno de ti. Deves estar escondida de nós, os mortais. Tua beleza excessiva nos humilha e deprime.
A lagarta Cat Denê vai-se embora emburrada. Dorme na amoreira. Quando acorda no outro dia, tudo é escuro e ela pensa:
Melhor assim. Isso deve ser o que chamam morte.
Certo dia. Sai ela para fora do casulo, que pensava uma mortalha.
Ela é mariposa da noite, agora.
Acinzentada. Feia.
Passeia pelo lago.
O Jacaré, faminto, abre a boca e pensa:
- Ah, vai tu mesma.